UM DESTINO A CÉU ABERTO...

Me perdoem a insistência, mas o tema é , a céu aberto, a vida daqui...

E naquele final de tarde, o céu daquele domingo de inverno parecia já se fechar.

Mais ou menos dezoito horas e uma névoa a brigar com a poluição caía velando o cenário já escuro, porém, rápidamente lancei meu olhar sob um dos viadutos que corta a avenida Bandeirantes aqui de São Paulo.

Tempo mais que suficiente para essa crônica, porque, observem, são os flashes da vida, os que nos marcam... definitivamente.

Eram uma família.

Pude perceber algumas crianças, um homem, e uma mulher que mastigava ávidamente sentada ao chão, parte dum pão que segurava nas mãos, e digo-lhes que o entorno restante daquele cenário era mais do que comum, conhecido de todos nós: um cão fiel a salivar à visão da comida, um fogareiro improvisado, e um carrinho de reciclagem de sucatas do lixo.

Nada de novo, que já não tivesse inspirado minha escrita.

MAs de súbito ela, não mais que vinte anos, se levantou a segurar o ventre pesado e volumoso, e em sua face notei a expressão de dor.

Não era uma dor comum.

Mostrou-me que eu me enganara. Havia algo mais a aqui relatar.

Naquele chão de asfalto, mais uma vida chegava teimosa, a céu aberto, para aquele vindouro destino de caminhos fechados.

Nota: Muito se fala em responsabilidade do "poder público", mas alí eu me questionei se o o tal poder teria olhos....