Quanto tá a violeta?

Caminhando com pensamentos tolos na mente, por uma das ruas mais adoradas e frequentadas, arrumada como uma boneca, deparo-me com a sensibilidade. Mediante tantos andares apressados, olhares de consumo e comércio badalado, há sensibilidade. E eu repito, mais uma vez a afirmação, com o objetivo de dar realmente enfoque, eu sei, há sensibilidade ainda. Ainda há entres as pessoas do século XXI um frescor na alma, algo que rejuvenesce a todos, que pode iluminar cidades e corações. A minha certeza é real. Durante as passadas de pés bem calçados, passei pela mesma tenda de flores. Tá ali todos os dias, tem dias que passo sem lhes dar a menor atenção como no dia em que tive esse texto em mente, porém por algumas passadas ali eu já as reparei, ou até mesmo comprei alguma flor, pra enfeitar meu dia, ou me presentear por merecer. Mas nesse dia foi diferente. Na ânsia de chegar ao local desejado, eu saltava sem nem reparar nada, só a ambição me guiava junto com a gana entrelaçavam os meus pensamentos. Foi quando, passando pela tenda de flores, eu pude ouvir uma suave voz e fraca que perguntava: " - Quanto tá a violeta? ", somente essa pergunta, vinda de um senhor com uma sacola de pão, aquele pão baguete, me parou. Recuei alguns passos, como se tivesse esquecido que precisava comprar uma flor e me recordado dois passos a frente; olhei para as violetas, estavam realmente lindas, não me recordo te der visto tão belas, aliás acho que nunca tinha visto uma violeta. Abri um sorriso, sem pensar em mais nada e escutei o senhor prosseguir: " - Sobraram algumas pratinhas do pão, se der, vou levá-las para a minha senhora. " Curiosa com a vida do senhor, tanto eu quanto a moça que o atendia, ela perguntou: " -Aniversário dela?" O senhor muito contente disse: " Não sou dessa geração, para agradar a minha senhora não preciso de comemorações especiais, apenas estar feliz, e querer dividir com ela." A moça que o atendia sorriu e consentiu com um " Tá certo " eufórico, preparou o vasinho de violetas do senhor e o entregou, o mesmo agradeceu e seguiu com o potinho de violetas e o pão baguete para a "sua senhora". Meus olhos escorreram naquele momento, disfarçando abaixei a cabeça e segui o meu caminho, com um potinho de violetas na mão. Percorri o meu percurso, cheguei em casa e dei a minha alma aquelas violetas, apenas por estar feliz.

Alê Trindade
Enviado por Alê Trindade em 29/08/2008
Código do texto: T1152556