Deixai ser criança enquanto pode
Dias atrás quando fui à feira com meu filho Jordão de menos de quatro anos ele pediu para lhe comprar um celular de brinquedo. Na hora não me questionei por que ele queria um aparelho celular de brinquedo se ele já atende ao telefone real suas avós, tias e amigos. E se um dos aparelhos celulares que temos foi dito que é seu e que pode atender quando quiser? Mas comprei. No retorno para casa ela já vinha “telefonando” para amigos e pessoas conhecidas, falando coisas comuns, como que iria à noite ao encontro e que estava ligando agora porque o celular estivera carregando etc e tal. Tenho que acrescentar que sobre ele já foi dito por uma médica que se não é superdotado ficou uma coisinha abaixo dos super e algo além nos normais. Minha conclusão é de que ele sabe o que é real e o que é lúdico, mas gosta, como quase toda criança, de brincar. Também me surpreende lidando com os controles do televisor e do DVD de forma mais natural, dando “pausa” quando vai tomar água, “pausa” para aumentar ou diminuir o volume, “pausa” quando está momentaneamente enfadado, dando alguns passos pela casa, para depois voltar ao sofá, acionar o “play” e voltar a assistir seu desenho ou filme. Mas ele ainda não come sozinho, precisando que se coloque a colher em sua boca, não que ele não saiba. Se quiséssemos já teríamos forçado a barra impondo-o a comer sozinho. Mas, não. É bom que pelo menos em alguns pontos ele curta normalmente seu ciclo de criança. Isso é prazeroso pra mim. Um dia desses, à hora do almoço quando eu e ele estávamos à mesa, minha mulher meio estressada (provavelmente TPM), reclamou porque ele não comia sozinho. Não sei se fiz errado, pois nem sempre agimos certo, mas até que intervim, mesmo de forma amena, dizendo que deixasse ele com essa passageira dependência. E fui mais em sua defesa, de que ele não dá trabalho, nos dá muitas alegrias e motivo de orgulho pelos elogios que recebemos e que ninguém pode ser perfeito que se naquele quesito de comer sozinho ele não preenchia, em outros ele extrapolava. Minha mulher aceitou as ponderações, pelo menos não retrucou. E essa defesa se funda no fato de que devemos aproveitar as dádivas que o Criador nos brinda. De repente a gente acorda e já encontra um adolescente e vamos lamentar ou ter saudades daquilo que faziam ou deixaram de fazer, daquela dependência terna, quase total, coisa que passou rapidamente. Portanto, parafraseando Cristo, deixai ser criança enquanto pode.