É carnaval em Salvador
Com o dia amanhecendo, recebi no meu gabinete, os jornais da cidade. As folhas anunciavam que já era carnaval em Salvador.
Liguei o rádio, e constatei que as gazetas tinham razão: nas AMs e FMs só rolavam músicas que mexem com foliões; e até levam alguns ao delírio!!!
Músicas, aliás, muito ruins.
Senti saudade das marchinhas, não digo do tempo de Ó abre alas, da Chiquinha Gonzaga, nem do Zé Pereira, mas da época de Chiquita bacana, do Braguinha, ainda vivo, e certamente decepcionado com o que se toca, e com o que se canta, nos carnavais d´agora...
Oh! Os carnavais d´outrora! Como eram legais!
"Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando" - assim cantava Noel.
Liguei a televisão, e fiquei sabendo que os primeiros blocos estavam prontos para entrar na avenida; que poucas lojas do centro deviam abrir suas portas; que os bancos estavam lacrando seus cofres, e que ficariam fechados até quarta-feira de Cinza.
E ainda: que algumas ruas, próximas ao Farol, seriam aos pouco bloqueadas, sob ruidosos e justos protestos dos moradores da Barra, na maioria vítimas da bagunça provocada por foliões ousados, que quebram, inclusive, a dignidade de um dos bairros mais queridos da capital baiana.
E mais: que o Pelô já estava todo decorado; que pelas poucas barracas da Praça Castro Alves apareciam os primeiros amigos do copo; e que a Polícia Militar, o Juizado de Menores, e os hospitais haviam entrado em regime de prontidão.
Por último, que a iluminação, no circuito da folia, estava OK, com a garantia da Prefeitura.
Vejam: tudo pronto, e ainda é quinta-feira!
É isso aí. Foi-se o tempo em que só se pulava carnaval domingo, segunda e terça-feira, ou seja, no chamado tríduo momesco. Sou dessa época.
Aqui em Salvador, essa canora e saltitante metrópole, a fuzarca carnavalesca começa cedo! Até na Lapônia já se sabe disso.
Lembrando, que alguns blocos tribais, freqüentados por foliões irreverentes, ainda invadem, cinicamente, a quarta-feira de Cinza.
E o que é pior, cantando o Hino do Senhor do Bonfim, sob o argumento de que, desta forma, estarão encerrando, "baianamente", o carnaval. Será?
A Igreja Católica brigou, brigou, mas não teve força suficiente para calar os timbaleiros e os trios elétricos irreverentes e inconseqüentes: eles vão continuar desrespeitando o primeiro dia da Quaresma; atrapalhando - e não digam que não - os que querem fazer, na intimidade das suas igrejas, suas orações.
Escancarei as janelas do meu apartamento, e vi que o sol também tinha entrado no clima entrudesco: estava brilhando como nunca.
E o mar, quase aos meus pés, também havia enlouquecido: as ondas pululavam como se estivessem atrás de uma dessas charangas barulhentas que, no carnaval soteropolitano (arre!), arrastam o folião pipoca, com ou sem máscara; fantasiado, ou vestindo, orgulhoso, a camisa do seu Bahia ou a camisa do seu Vitória.
Aviões cruzavam os céus da Pituba trazendo centenas de turistas.
Todos, com seus abadás caríssimos nas mochilas, prontos para caírem de alma e corpo - com este principalmente -, no carnaval de Salvador, a cada ano mais diferente.
Para muitos, um carnaval desfigurado: perdera a simplicidade e a espontaneidade que, desde Pedro Álvares Cabral, o caracterizava.
Convencido de que já era carnaval em Salvador, desliguei o rádio e a televisão, e joguei os jornais na cesta do lixo.
Em seguida, mergulhei no silêncio, quase claustral, do meu gabinete, e passei a recordar as Odaliscas e as Colombinas que conhecera, na minha última batalha de confete. Eu, naquele carnaval, um pierrô apaixonado; parecido com aquele da marchinha do Noel...
Com o dia amanhecendo, recebi no meu gabinete, os jornais da cidade. As folhas anunciavam que já era carnaval em Salvador.
Liguei o rádio, e constatei que as gazetas tinham razão: nas AMs e FMs só rolavam músicas que mexem com foliões; e até levam alguns ao delírio!!!
Músicas, aliás, muito ruins.
Senti saudade das marchinhas, não digo do tempo de Ó abre alas, da Chiquinha Gonzaga, nem do Zé Pereira, mas da época de Chiquita bacana, do Braguinha, ainda vivo, e certamente decepcionado com o que se toca, e com o que se canta, nos carnavais d´agora...
Oh! Os carnavais d´outrora! Como eram legais!
"Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando" - assim cantava Noel.
Liguei a televisão, e fiquei sabendo que os primeiros blocos estavam prontos para entrar na avenida; que poucas lojas do centro deviam abrir suas portas; que os bancos estavam lacrando seus cofres, e que ficariam fechados até quarta-feira de Cinza.
E ainda: que algumas ruas, próximas ao Farol, seriam aos pouco bloqueadas, sob ruidosos e justos protestos dos moradores da Barra, na maioria vítimas da bagunça provocada por foliões ousados, que quebram, inclusive, a dignidade de um dos bairros mais queridos da capital baiana.
E mais: que o Pelô já estava todo decorado; que pelas poucas barracas da Praça Castro Alves apareciam os primeiros amigos do copo; e que a Polícia Militar, o Juizado de Menores, e os hospitais haviam entrado em regime de prontidão.
Por último, que a iluminação, no circuito da folia, estava OK, com a garantia da Prefeitura.
Vejam: tudo pronto, e ainda é quinta-feira!
É isso aí. Foi-se o tempo em que só se pulava carnaval domingo, segunda e terça-feira, ou seja, no chamado tríduo momesco. Sou dessa época.
Aqui em Salvador, essa canora e saltitante metrópole, a fuzarca carnavalesca começa cedo! Até na Lapônia já se sabe disso.
Lembrando, que alguns blocos tribais, freqüentados por foliões irreverentes, ainda invadem, cinicamente, a quarta-feira de Cinza.
E o que é pior, cantando o Hino do Senhor do Bonfim, sob o argumento de que, desta forma, estarão encerrando, "baianamente", o carnaval. Será?
A Igreja Católica brigou, brigou, mas não teve força suficiente para calar os timbaleiros e os trios elétricos irreverentes e inconseqüentes: eles vão continuar desrespeitando o primeiro dia da Quaresma; atrapalhando - e não digam que não - os que querem fazer, na intimidade das suas igrejas, suas orações.
Escancarei as janelas do meu apartamento, e vi que o sol também tinha entrado no clima entrudesco: estava brilhando como nunca.
E o mar, quase aos meus pés, também havia enlouquecido: as ondas pululavam como se estivessem atrás de uma dessas charangas barulhentas que, no carnaval soteropolitano (arre!), arrastam o folião pipoca, com ou sem máscara; fantasiado, ou vestindo, orgulhoso, a camisa do seu Bahia ou a camisa do seu Vitória.
Aviões cruzavam os céus da Pituba trazendo centenas de turistas.
Todos, com seus abadás caríssimos nas mochilas, prontos para caírem de alma e corpo - com este principalmente -, no carnaval de Salvador, a cada ano mais diferente.
Para muitos, um carnaval desfigurado: perdera a simplicidade e a espontaneidade que, desde Pedro Álvares Cabral, o caracterizava.
Convencido de que já era carnaval em Salvador, desliguei o rádio e a televisão, e joguei os jornais na cesta do lixo.
Em seguida, mergulhei no silêncio, quase claustral, do meu gabinete, e passei a recordar as Odaliscas e as Colombinas que conhecera, na minha última batalha de confete. Eu, naquele carnaval, um pierrô apaixonado; parecido com aquele da marchinha do Noel...