Sobre regras gramaticais
Nem sempre a palavra escrita atinge a intenção do escritor. Mas quando ele consegue encontrar o vocábulo certo para expressar seu exato pensar, é invadido por imensurável prazer, por mais banal que seja a frase. Quando mais se domina a gramática, mais próximo se está disso.
É grande dificuldade, entretanto, o fato das regras gramaticais guardarem-se tão escondidamente nos recônditos do cérebro, que nem sempre atende aos chamados. Instaura-se, então, a luta entre escritor e massa cinzenta: “a norma gramatical está guardada por aqui; é que guardei bem guardada demais por medo de perdê-la”.
Aconteceu comigo e ando enfastiado de tanto consultar imensas e ambíguas gramáticas; só o índice já me cansa. E irrito-me sobremaneira se percebo que o autor normativo se exime de responsabilidade e sai pela tangente.
Ah, recorri às algumas comunidades, mas percebi – salvo engano – que quase todos os mortais cometem o mesmo erro: guardam-nas muito bem guardadas e acabam esquecendo em que lugar as guardaram.
O jeito foi encarar as volumosas gramáticas e minha megalomania não deixou por menos: seis autores dizem a mesma coisa. Abaixo segue breve resumo e se servir para alguém, que Deus seja louvado.
“Se a forma verbal estiver seguida de pronome oblíquo átono (o, a, os, as, nos) e terminada em r, s, ou z, ocorrem alterações fonéticas como:
Dizer-a = dizê-la
Partir-os = parti-los
Temos-o = temo-lo
Fez-o = fê-lo “.
Cunhando-me nessa regra, declarei exata a construção da frase em A curva do rio: “Fê-nos entrar, sentar e nos serviu café”.
Caros leitores e apreciadores da lusofonia, ajudem-me respondendo a isto: fui arbitrário?
Forte abraço.