MAQUIAVÉLICO, O NOSSO SISTEMA?
Diz Maquiavel: “Os homens são tão simples e tão obedientes às necessidades do momento, que quem engana encontra sempre quem se deixe enganar”.
Por serem tão verdadeiras, por expor de maneira fria a alma humana, por reconhecer no homem a forma como é complacente consigo próprio e de ter idéias lisonjeiras a seu respeito, faz com que as observações contidas em “O Príncipe” de Maquiavel sejam vistas como perfídias, quando na realidade mostram tão somente do que somos capazes.
Se o maquiavelismo é sinônimo de astúcia e traição e é considerado como um sistema caracterizado pelo princípio amoral de que os fins justificam os meios, estou propensa a acreditar que este é o nosso sistema.
A cada eleição nós os pequeninos abrimos as portas do poder e aqueles que entram tornam-se legatários das nossas esperanças ,de verem cumpridas as promessas de campanha. Lamentavelmente, os que se fazem senhores, ao fruírem o poder, nunca lhes faltam “pretextos legítimos (?)” para justificar a sua falta de palavra, pondo por terra as esperanças antes concebidas, quando seria mais prudente “ contentar o povo, porque o desejo deste é mais honesto do que o daqueles que procuram atormentar os pequenos, que não querem ser atormentados”.
O Estado sob a tutela do governo Lula tem se mostrado tolerante e por que não dizer partícipe de atos tidos e apontados como corruptos; inoperante; com tendências absolutistas; criador de medidas impopulares impostas sem o respaldo da sociedade e por vezes ao arrepio da lei, sem levar em consideração – em alguns casos – o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, invoco como exemplo a reforma da Previdência, taxação dos inativos e aposentados, tomadas como justificativa para uma racionalização administrativa que até agora se desconhece os seus efeitos benéficos.
Por isso e por muito mais, há de convir o caro leitor, a cara leitora, que as críticas por vezes contundentes tendo como alvo o senhor presidente da República e sua equipe de governo não são gratuitas, é que “... chegou mais um daqueles momentos limite em que é preciso afirmar a primazia da sociedade sobre a prepotência do Estado (...) de introjetar na sociedade o conceito de que o presidente da República é o servidor número 1, e não o seu tutor ou feitor. Quando o Brasil aprender essa lição elementar não importará mais quem é o presidente da República”.
É..., pelo jeito não aprendemos a lição, haja vista o que foi dito no tópico acima e que se encontra entre aspas, foi extraído de um texto do jornalista Clovis Rossi, sob o título “O Nome do Jogo” escrito na Folha de S. Paulo, em data de 27.04.91, quando era presidente da Republica o senhor Collor de Mello.