Cinema (Inter)Nacional

Esses dias fui ao cinema conferir a estréia de um filme americano – que a mídia já tinha tratado de badalar. Aliás, nada mais justo, considerando a presença de grandes nomes badaladíssimos do cinema internacional – eu disse, grandes nomes.

O filme transparece bem o gasto que deve ter tido, pela escolha – e atenção minimalistas de um bom gosto indiscutível, coisa de gente grande e muito bem preparada para o ofício de produção. O roteiro preocupou-se em surpreender desde o primeiro instante em que a tela se transforma num grande palco, onde residem tantos olhares ansiosos, utilizando-se de mecanismos altamente – e visivelmente calculado, tudo sob uma precisão matemática que, realmente, impressiona.

Pareceu-me um lacônico e clássico comercial americano, daqueles que colorem e impressionam os olhares de tanta gente espalhada mundo afora, oferecendo seus estilosos e glamourosos produtos enquanto padronizam a cultura internacional às suas rédeas, pensamentos e opiniões (ou melhor seria dizer, às suas ordens?).

A história do filme, como estava falando, é uma narrativa singela de fantasioso conto, adaptado, é claro, à modernidade – e todos os seus agregados, ousando a classificá-lo dentre os novos contos de fadas, onde sempre há um mocinho, sempre um vilão; ah, e uma gostosona, por favor.

Sinto-me, hoje, profundamente orgulhosa do cinema nacional – que, finalmente, tem sido reconhecido por tantos grandes. Nossos gastos são controlados, o patrocínio é difícil e a verba – ah, a verba nem se fala -, mas fazemos cinema de muito bom gosto. Contamos histórias expondo a realidade nua e crua diante dos olhos atentos; utilizamos do cinema para falar e reagir, num belo exercício de liberdade de expressão. O cinema nacional conta a nossa história e nos convida a refletir sobre o que somos e o que queremos de nós.

Quanto ao filme estreante, deixo aqui minhas sinceras congratulações pela merecida atenção ao qual, realmente, conseguem prender tantos olhares fixos na tela.

Ie
Enviado por Ie em 28/08/2008
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