NÃO DÁ PRA SER FELIZ
Eis-me aqui para iniciar minha queda de braço com a “Ùltima flor de Lácio, inculta e bela”. Com esta antítese o Sr. Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac trata em versos a língua portuguesa.
Feito o preâmbulo, passo a matéria:
Se eu tivesse de enfrentar o microfone do karaokê e me fosse dado escolher entre a canção de Mercedes Sosa “Gracias à la Vida” e “Não dá pra ser feliz” de Gonzaguinha, eu ficaria com a última. E por que faria? Explico: Quanto mais leio, mais as entrelinhas me angustiam e eu vejo chifre até em cabeça de cavalo. Aí a indignação vem à tona e haja exclamação para tudo.
Não dá pra ser feliz ,pois dói-me saber de pai de família desempregado; de jovens sem perspectivas. Por cada criança faminta e sem escola; por cada injustiça, cada dificuldade sofrida pelo próximo me , vem à boca um Deus nos acuda! E por quê o faço?
Porque vivo num regime democrático, porque sei que democracia significa a perfeita igualdade de oportunidade. E não apenas o rodízio de todos os fernandos, joãos, josés e lulas da silva à frente do destino do nosso país.
Porque li Will Durant destrinchando Platão, que diz: “Tal homem, tal Estado”. Ensina mais: “Os governos variam como variam os caracteres dos homens ; ... Os Estados são constituídos pela natureza humana que se encontra neles. O Estado é o que é porque seus cidadãos são o que são. Portanto, não adiante esperar Estados melhores até que tenhamos homens melhores. Até lá todas as modificações deixarão os pontos essenciais inalterados”.
È, meu caro leitor, minha cara leitora, para compreender a ciência política, disse um mais sabido do que eu, que temos que compreender a psicologia. É a tal história... “Como são encantadoras as pessoas! –Sempre tratando, aumentando e complicando suas doenças, imaginando que ficarão curadas por algum elixir mágico que lhes aconselham... Mas vão de mal a pior... fazem experiências com a legislação e acreditam que, por meio de reformas terminarão com a desonestidade e canalhice da espécie humana –Sem perceberem que na realidade estão desferindo golpes nas cabeças de uma hidra.
Acho que é hora de lembrar do meu avô Bernardino e citar uma frase em latim que ele costumava dizer enquanto curtia os seus porres homéricos: UNDE SALUS? Que trocado em miúdo significa: “Donde virá a salvação?”
Saudade do meu avó..., sabia um latim avoado, também faltou pouco para ser padre, se vivo fosse eu diria pra ele: vó, tô ficando que nem você, recitando latim...Cor, quo vado? Age quod agis? Consumatum est
PS: para o leitor que não tem obrigação nenhuma de saber latim, eu quis dizer o seguinte: CORAÇÃO PARA ONDE VOU? NÃO VÊ O QUE ESTÁS FAZENDO? TUDO ESTÁ ACABADO...