A Marca.
“Pois você saiu do mundo sem me avisar e agora eu era um louco a perguntar, o que é que a vida vai fazer de mim!” (João e Maria – Chico Buarque de Holanda)
Estávamos felizes, nos amamos, nos divertimos.
Sentimos prazer e tesão, sentimos saudades um do outro, trocamos e-mails, torpedos e olhares.
Tomei do seu café e você do meu.
Esperávamos ansiosos pela terça-feira, mais ainda pela quarta.
Ouvimos Paulinho Moska, “Pensando em você”
Parecíamos crianças (você tem razão!), estávamos como na canção de Chico Buarque, “ ...e pela minha lei, agente era obrigado a ser feliz, pois você era a princesa que eu quis coroar, era tão linda de se admirar andava nua pelo meu país...”
Agora, porém, era fatal que o faz- de- conta terminasse, a tristeza arrebatou meu coração ao ver em teus olhos o desencantamento.
Não terei-te mais em meus braços, em minha cama?
Não sentirei mais a maciez dos teus cabelos curtos?
Não beijarei mais estes lábios tão calientes?
Como me dói este olhar!
Como me faz me arrepender! Se eu pudesse prever, teria regulado palavra por palavra, para nunca dizer qualquer coisa que fosse ferir-te, ofender-te ou gerar interpretações duvidosas.
Mas não me digas que foi o que eu disse o motivo da tua frieza!
Se me dissesses que pensavas apenas numa aventura, numa transa, eu entenderia.
Se me dissesses que estás com medo de se envolver, também entenderia, mas não me digas nada, não me dê o desgosto do silêncio, não vires teus olhos quando passardes por mim.
Eu terei muito prazer em ter-te como amiga, se não pudermos mais ser amantes (embora eu prefira um milhão de vezes a segunda opção), mas não me ignore, não me sentencie ao anonimato. Permita-me pelo menos o prazer de olhar-te como quem olha nostalgicamente para um momento singular de sua história.
Pois fostes muito mais que uma qualquer em minha cama, fostes uma marca, curta, mas ainda posso sentir pulsar meu peito ao passar por ti.