Salto alto
Se sente bem, mesmo na chuva. Se sente arrasando quando passa, quando está parada, na fila do banco (até sorri), na parada de ônibus, na padaria, se sente o máximo e quer é curtir. Se cair, logo levanta, não só o corpo como o nariz: E sai por todos os lugares caminhando por horas sem se cansar. Vestindo o que achar na frente mesmo estando fora de sua própria moda. Beija a sogra, lava a louça, quebra as unhas e ainda sorri. Varre o chão, arruma seu quarto, cozinha e queima a comida, mas adivinha... Sorri. Chega atrasada no trabalho, leva um banho de lama, o chefe reclama de tudo, seu almoço está sem sal, o café sem açúcar, queimou sua calça preferida, o namorado está de mau humor, o cachorro comeu o tapete, o vizinho jogou lixo no seu pátio, o computador perde para uma tartaruga, sentaram em seu óculos, engordou 2 kg, chega em casa e não tem chocolate na geladeira, a TV queimou e no final do dia da gargalhada de tudo, como se nada importasse. E nada importa porque ela está de salto alto. Bendito salto alto. Pobres homens que não podem desfrutá-lo.