Long Dong Silver
21/7/8
Por vezes eu escuto (algumas vezes, até de bocas femininas) a velha conversa de que o calibre da espingarda não importa ao bom atirador, ou que o tamanho da varinha não é proporcional ao poder do feitiço, ou até que muitas vezes é preferível um pequeno brincalhão a um grande bobão...
Acho que o assunto destas (e de tantas outras expressões genéricas sobre o tema) é muito mais do que uma simples besteira. É, na realidade, uma total perda de tempo.
Explico: Caso este fosse realmente um fator tão importante assim, ou tão crítico para a operacionalização da brincadeira em si, provavelmente a abordagem feminina em relação ao assunto seria um pouco diferente.
Neste caso, acredito que o diálogo entre os namoricos de bares ou casas noturnas, acabaria, invariavelmente, tocando neste assunto.
Imagino a coisa mais ou menos assim:
Ele, mais ousado, decide fazer a proposta, com um olhar de galanteio:
- Então, já que agora nos conhecemos bem, e vimos que temos tudo em comum, sei lá, podíamos curtir o resto da noite num lugar mais sossegado... Você pode até achar besteira, mas acho que é coisa do destino esse lance da coleção de selos, e dos pesadelos com gelatina de abacaxi. Nunca achei que encontraria uma pessoa assim, tão linda, e que, ainda por cima, gosta das mesmas coisas que eu. E você, o que acha?
Ela responde um pouco envergonhada:
- Bom... Também fiquei deslumbrada pelo fato de você gostar das mesmas coisas que eu. Quando eu conto sobre a minha coleção de selos, os homens tendem a se distanciar. Mas você não. Até o lance dos pesadelos com gelatina de abacaxi!! Que sarro! Como é que pode!?
Ele insiste:
- Então... O que acha de irmos pra um lugar mais sossegado, e aproveitarmos juntos essa noite linda e estrelada? Está cedo ainda, e esta noite promete, minha querida...
Ela, alisando a ponta dos cabelos com a mão, responde:
- Pois então. Acho que a idéia não é das piores. Mas é que tem uma coisa...
Ele, um pouco confuso, completa:
- Como assim? Que coisa? Desculpe perguntar, mas... Você está naqueles dias?
Ela tenta se explicar:
- Não, não... O problema não é comigo. É com você. Ou melhor... Não sei ainda, mas pode ser com você. Não tenho como saber.
Ele tenta ajudar, fazendo-se de machão:
- Comigo? Como assim? Bom... Se o problema era eu, acho que não temos problema nenhum, gata. Nasci preparado. Bom... Você vai me ligar amanhã, não vai? hehehehe
Ela emenda:
- Não! Não é isso! É que eu não sei como explicar... Putz... Como é complicado dizer isso. Vocês homens são muito sensíveis.
Ele, serenamente, sentencia:
- Pode falar o que quiser. Comigo não tem dessa, não. Sou desencanado. Pode se abrir, docinho!
Ela, aliviada, responde:
- Bom... Menos mal... É que eu queria saber sobre o tamanho, sabe. Pra não perder a viagem, sabe... Afinal de contas, a balada ta boa hoje, né? Mas se você não se importa, que bom. A pergunta é: Quais são as medidas?
Ele, titubeante, já suando frio e engolindo seco, diz:
- Tamanho? Bom... Hummm... Tamanho, é... Ah... Bom... Tenho um metro e oitenta, setenta e sete quilos...
Ela, achando que ele não havia entendido, retruca:
- Dãããããrr....Não o seu tamanho, né!! O tamanho dele, saca? Do seu amiguinho. Como disse, não pretendo sair daqui por qualquer mixaria. Como eu já disse, a noite ta muito boa e o lugar ta bombando...
Ele, já sem saber onde enfiar a cara, tenta consertar tudo:
- Hummmm... Me veio uma coisa agora na cabeça... Você tinha dito filatelia, né? Veja só... Tinha entendido filantropia! Quando você falou sobre os selos é que caiu a ficha. Fiz confusão! Na verdade, odeio selos. Engraçado, não?
Ela responde, meio sem entender muito bem:
- Bom... Mas ainda temos em comum os pesadelos crônicos com gelatina de abacaxi, não é verdade!?
Ele, tentando sair pela tangente:
- Gelatina de abacaxi!? Bom... Tinha certeza que você havia dito pavê de maracujá... Confundi mesmo. Foi mal. É que os dois são amarelinhos, né...
Ela, então, ainda releva:
- Bom, tudo bem... Mas acho que isso não importa tanto no final das contas, não é mesmo?
Ele, já dando uns passos pra trás:
- Como assim, não importa!? Claro que importa! Pensando melhor, acho que não temos nada a ver um com o outro. De repente, podemos ser só amigos... Mas não amigos coloridos, né... Afinal, não temos nada em comum mesmo...
Ela, já conformada, rebate:
- Bom... Já que prefere assim, tudo bem. Sem problemas. Mas você não ficou chateado com a minha pergunta, ficou?
Ele, um pouco transtornado, solta essa:
- Claro que não!! E, aliás, caso alguém perguntar, ele é enorme. Mal cabe na cueca. Tive até que mandar trazer umas cuecas importadas. Vieram lá da Nigéria. Você sabe que por lá o pessoal não é fraco, né... Às vezes ele me atrapalha um pouco, mas eu convivo bem com isso. A gente acaba acostumando, sabe...
Ela tenta de novo:
- Ah... Legal! E que tal se...
Ele, interrompendo-a no meio da frase:
- Putz... Meu amigo ta me chamando ali no bar. Acho que ele bebeu demais e não ta legal. Melhor eu ir lá ver.
Ela, sem muita opção:
- Ah... Tudo bem. Vai lá, então...
Ele, já saindo pela direita:
- Então ta. Prazer em te conhecer, viu! Tchau, e até mais! A gente se cruza!
Depois do terrível diálogo com a moça, ele sai andando cabisbaixo em direção ao bar, mas ainda esboça um sorriso quando encontra seu amigo no balcão, e solta:
- Cara... Mais uma regulando mixaria... Essas mulheres de hoje estão muito recatadas, cara... Cadê aquela promiscuidade saudável de outros tempos!?? Foda, meu!
Eis que o amigo responde:
- Que merda, cara... Tinha certeza que essa você furava facinho... Mas a vida é assim mesmo. Dá nada. Parte pra outra!
E ele:
- Cara, mudando de assunto, lembra aquele e-mail que você comentou agora pouco, sobre a tal bombinha sueca, com motor de dois tempos, compressor turbo e três níveis de sucção, pro esquema de alongamento peniano?
O amigo responde, já com um sorrisão na cara:
- Sei sim! Hilário aquilo, cara... Que tipo de gente compraria um troço daqueles?? Bizarro!!
E ele arremata:
- Bom... É que eu queria sacanear um amigo... Encaminha o e-mail pra mim...?
Talvez eu tenha exagerado um pouco, mas minha mente, ao contrário de algumas outras partes, é assim mesmo: exagerada.
No mais, vou me virando com o que tenho. Não é lá tudo aquilo, mas já me quebrou algum galho... E também, agora já me afeiçoei a ele.
Na verdade, não quero nem mais falar sobre isso. Fico por aqui. Chega.
E se por acaso alguém tiver recebido o e-mail com informações sobre a tal bombinha sueca, por favor, me encaminhe.
É que eu quero sacanear um amigo, sabe...