Olimpíada, uma guerra em tempo de paz.

 

 

 

Nessa semana atendi em meu consultório, duas senhoras com queixas ou relatos bem propícios para a época. A primeira queixou-se da insônia porque tem acordado de madrugada para assistir as competições olímpicas. A segunda, a cozinheira da família, obrigou os seus filhos e netos a comprarem marmitas prontas, pois, durante as olimpíadas não iria cozinhar de jeito nenhum. Eu refletir por alguns instantes o frenesi que causa os jogos olímpicos.

 

É inerente ao se humano a necessidade de competir, de guerrear, de conquistar, de superar os seus iguais e mostrar ao mundo a sua superioridade. A guerra, através de sua insana beligerância, sempre foi o modo mais comum do homem conquistar novos espaços e mostrar a sua grandeza. Em 776 A.C.,  temos noticia da realização na Cidade de Olímpia, na Grécia antiga, uma competição esportiva de confraternização, dedicado a Zeus. Na era moderna, nos anos de 1890, Pierre Fredi, o Barão de Coubertin, quando a França de “farol baixo”, após perder uma guerra relâmpago para a Alemanha, incentivou e coordenou a criação do COI e a realização dos primeiros jogos olímpicos da era moderna em 1986 em Atenas na Grécia.

 

Literalmente, uma guerra em tempo de paz, que além de uma confraternização é a principal competição esportiva mundial, uma guerra declarada por medalhas, por um lugar de destaque no podium e pelo quadro de medalhas. O espírito olímpico foi maculado pelas duas guerras mundiais e pela rixa irracional da guerra fria.

 

O sucesso das Olimpíadas, o frenesi que envolve a sensibilidade humana é grande parte causada pelos aspectos que envolvem os jogos olímpicos. Os Jogos Olímpicos envolve aspectos míticos, místicos, psicológicos e filosóficos do ser humano, daí o seu grande sucesso.

 

Segundo o grande psicólogo Suíço Karl Gustav Jung o mito faz parte dos arquétipos do inconsciente coletivo. O mito é um símbolo que serve para explicar a realidade humana. O espírito olímpico incorpora vários mitos e o principal deles é chama olímpica, tradicionalmente acesa com raios solares refletidos por espelhos nas ruínas de Olímpia na Grécia. Nas cerimônias da antiguidade representava lenda em que Prometeu roubou o fogo dos Deuses para entregar aos mortais. Nas Olimpíadas dos tempos modernos representa o elo entre o antigo e novo, representa também, a pureza da eterna juventude olímpica.

 

Mística, porque nos tempos antigos sempre se realizava os jogos na primeira lua cheia do verão do hemisfério norte. Lua cheia a parte, os jogos continuam sendo realizado na primavera do hemisfério norte. Outro aspecto místico é a ciclocidade de 4 anos dos jogos. O 4 é um número mágico da natureza. Os anos bissextos e repetem de 4 em 4 anos, as fases da lua e as estações do ano, também, tem em comum o numero 4.

 

Competir, superar desafios, conquistar espaços, mostrar grandezas sempre fizeram parte das necessidades da psique humana e o espírito olímpico encara isso com galhardia.

 

A cultura da paz, da união entre os povos, da competição harmoniosa, da possibilidade de congregar pessoas diferentes são os principais aspectos filosóficos dos jogos olímpicos dos tempos modernos idealizados pelo Barão Coubertin.

 

As olimpíadas, uma verdadeira guerra humana em tempo de paz, é uma amostra que o homem pode superar os seus limites e que cada povo pode mostrar a sua pujança de uma forma leal e respeitosa.

Roberto Pelegrino
Enviado por Roberto Pelegrino em 21/08/2008
Reeditado em 28/07/2012
Código do texto: T1139369
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.