O poder da intertextualidade
É incrível como as idéias na maioria das vezes pairam no ar, mesmo entre pessoas que não se conhecem, mas que têm um grande propósito: a arte.
Digo isso porque sempre gostei de ler e escrever, e considero a literatura a “chave-mor” do conhecimento humano, já que é por meio dela que aprendemos e colocamos em prática os nossos ideais de cidadãos e, de certa forma, de sobrevivência no mundo contraditório em que vivemos.
A literatura pode provocar nas pessoas magia, podendo ser também paranormal, evocando idéias que muitas vezes já foram expostas, mesmo que o outro não saiba. Retrato tal contexto, porque tive uma experiência semelhante no campo da intertextualidade, observando que tudo o que expomos já foi dito em algum momento, em algum canto do universo.
Desde o início da vida adulta sou fã de um famoso escritor, sempre admirei suas crônicas, suas peças, já li vários livros seus e participei de um curso no qual ele ministrou. No entanto, desconhecia algumas de suas publicações, e tal qual não foi a minha grande surpresa quando vi que o referido escritor, no passado, publicara um texto semelhante a um que publiquei há pouquíssimo tempo. Coincidência? Claro que sim! Jamais haveria a possibilidade de plágio, já que ambos foram escritos em épocas diferentes, e eu nem sequer sabia da sua existência. Só fiquei sabendo porque lendo um de seus livros, vi o seu relato sobre a referida publicação.
Claro que fiquei perplexa, pois na minha fértil imaginação o meu texto era inédito no campo das idéias de um escritor iniciante. Fui dormir pensando no assunto e resolvi expô-lo numa crônica; mas já refeita de tal contexto, pois pude perceber que a intertextualidade existe, mesmo que não tenhamos contato com obras já publicadas. Afinal, como saber que tais idéias existem sem termos tido o contato com elas ou termos sequer ouvido falar a seu respeito? Alguns leitores dirão que basta nos dirigirmos à Biblioteca Nacional e pesquisarmos sobre as publicações; mas digo que no campo virtual, muitas vezes, isso não é possível, já que na sua grande maioria, as pessoas escrevem e não registram seus textos. Será que alguém registra todas as suas crônicas? Claro que não, pois o custo é alto e é trabalhoso registrar cada uma delas; a não ser que façamos uma coletânea e registremos todas de uma só vez.
Sendo assim, espero caro leitor, amigo escritor, que nós, defensores da arte, não transformemos as semelhanças de idéias numa batalha, mas sim, após a perplexidade, as transformemos em algo que está e estará sempre ‘solto’ ou ‘perdido’ no ar, bastando apenas pegá-los e propagá-los para a humanidade.