Eu já sabia

Dez por cento de talento basta. Vemos por ai inúmeros jogadores medíocres, dando conta de fazer sua função tática, resolvendo no grupo, pois são onze jogadores. Nossa trilha sonora é um tango composto por Shakespeare. São muitos jogadores interessados em dólares e euros, não mais em honra, os valores estão de ponta cabeça. Sempre se fala mal de um ou de outro jogador, do técnico e das estrelas da república sarnenta.

Estão dando frutos os maus investimentos nos esportes, inclusive o futebol, podem até dizer que o Brasil é um celeiro de craques da bola. Mas seriam eles craques mesmo? Como é o esporte que mais rende dinheiro, talvez o único, que possa transformar do dia para a noite, um pobre desprotegido de estado, em um milionário. Isso instiga os meninos em seguir a carreira futebolística, e quem vive, não é o meu caso, deve saber, o quão terrível é o dia a dia de milhares de alunos nas escolinhas, vê-se que eles não têm o menor talento para jogar pebolim, mas sonhando em jogar uma copa do mundo.

Os diretores de clubes e federações sabem bem, e como sabem, melhor que uma mina de ouro. Investe-se nada e se ganha muito.

Convivemos muito com jogadores que mostram um pretenso talento, até eu um “perna de pau” sem talento para fazer gol contra, joga um jogo bem digno de troféu, e fazem um oba oba em torno deste craque a ponto de acharem que este sim ganhará a medalha de ouro, como se não precisasse de outros dez jogando junto. A famigerada indústria de boleiros, fabrica uns craques meia-boca, para faturar uma boa dúzia de milhares de dólares, sem importar-se com o futebol, ou com o homem dentro da camiseta do clube.

E que clubes! Estão levando jogadores daqui para fora ainda em forma de embrião, para jogar em times da quinta divisão de um país qualquer, lá onde o Judas perdeu as botas. Depois voltam para vestir a camisa amarela, mais valiosa para alguns do que a própria vida, com um discurso hipócrita digno de político populista de quinta, que precisam dar alegrias ao povo. E o que é pior, o povo, se revolta contra o técnico, que é só uma peça a serviço da maquina, e não se revolta com os políticos. Os jogadores derrotados em Pequim, voltarão para suas mansões e seus milhões de dólares, enquanto os chorosos brasileiros continuam no seu patético mundinho de explorados pelo sistema.

O nosso maior comandante, disse que ficou raivoso diante da derrota para os “Hermanos”. Que interessante! Os problemas do Brasil se resumem à ausência de uma maldita medalha dourada? Educação, saúde, transporte, infra-estrutura... isso é problema dos outros.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 19/08/2008
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