CARA AMARRADA

Esse interiores beirando Belo Horizonte tem um povo que ainda não largou certas vaidade e sempre desconfiados são faceis de se aborrecer quando alguma coisa não lhes sai ao agrado. Por exemplo comprimentar os outros, ainda que seja um estranho é uma coisa que se não acontecer no encontro de dois um deles se chateia e pensa que este tem alguma coisa contra ele e no próximo encontro de cara amarrada vira de lado.

Numa divisa de terra onde dois sitiantes conviviam com limitada tolerancia, o boi de um ultrapassaa divisa do outro e para aumentar o aborrecimento faz de uma lavoura bem tratada seu pasto, passando a comer a eito sua plantação em formação. Resultado? inconformismo seguido de uma rinha que deu íncio e acabou com cara virada. E cara virada dessa gente conforme o caso e coisa que atravessava muito tempo sem voltar ao normal.

Mas foi assim: o Zé vendo a vaca do Tonho na sua lavoura fazendo estrago, amarrou nela uma canga improvisada e devolveu, de modo que não tinha como voltar amarrada com aqueles paus pelo pescoço, no que ele considerou isso um aviso. quando o Tonho viu sua vaca com os pedaços de paus amarados com um arame, não gostou mas guardou assunto para evitar problemas. Só que o que a gente guarda uma hora vai lá e busca pra fora e foi o que aconteceu. pois o Tonho passeava um belo dia na sua charrete e viu o cavalo do Zé bem em cima das fronhas da sua patroa, mandada buscar em Aparecida do Norte, fronhas de estimação e maior do que o preço caro que elas custaram era o valor sentimental e o cavalo estava rolando em cima delas numa diversão que o tonho não participou, apenas notou o quanto o alazão estava descontraído. o que fez? devolveu na mesma moeda da vaca e não quis saber de conversa. Acontece que o cavalo se encasquetou na canga e quase que morre tentando desembaraçar da tralha. Já o dono foi tirar farinha e uma troca de palavras desaforadas ocupou bem uma meia hora mas sem muita gravidade. Se apartaram com um dizendo ao outro, - Que você desapareça da minha vista de vez. - Ouvindo:

- Nem precisa repetir!

E assim, não mais se falaram arrumando a cerca com reforço dos dois lados e reforçando ainda o aviso nas familias para não ser servido de nada um do outro.

Um dia o Zé campeava por umas árvores de juá e mais adiante ouvindo um sofrível mugido de uma rés, viu sem demora uma vaca do lado do vizinho se afudando num brejo sem chance de sair sem a ajuda de alguém. Sentindo a dificuldade do animal correu a divisa onde podia ser ouvido pelo vizinho e gritou por ele não sendo ouvido porque o outro não dava o braço a torcer em atenção a quem já tinha ficado entendido de não conversar.

Esquecendo esse trato para aquele sofrimento da vaca pelo menos. o Zé foi achar na estrada um conhecido indo pra vila e mandou ir desviado até a casa do outro avisar que uma rês sua morria num brejo e que fosse lá acudir sem demora. chegaram rápido e o emissário resolveu dar uma mão mas estava sem apetrechos para uma vaca que era gorda e das leiteiras. o Zé (por perto) disse para o Tonho que tinha tudo no jeito e ajustaram a retirada do animal fazendo isso sem perda de tempo e este bezuntado de lodo tratou de cair fora dali, não com mais pressa do que o Zé que não queria ouvir desculpas do tonho ficando obrigado a conversar com ele e até depois ser tachado de quebrar um trato. e pensou: - Afinal a vaca precisou e tá tudo resolvido diacho.

O caso não passou despercebido pelo povo lá na vila que ouviu do passante que o zé era um homem de bom coração e que ajudava até os inimigos. o próprio Tonho começou a desfazer a cara amarrada pois afinal recuperou uma vaca leiteira das mais generosas.

e nunca mais se conversaram mesmo depois disso mas cada um acha que o outro e um COMPANHEIRÃO.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 19/08/2008
Reeditado em 06/04/2022
Código do texto: T1136354
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.