O Vôo da Borboleta
Nessa queda do muro de Berlim entre mim e mim, não sei se fui derrotada ou vencedora.
Esse árduo debater no casulo forte, derrumou os muros de sonho e desmoronou em mim a realidade sem nenhuma ilusão.
Isso aconteceu na hora em que estendi a mão para o troco e o caixa sem rosto me cobrou mais do que uma coca e uma broa. A broa nem estava tão boa, mas insisti com ela guela abaixo e venci a briga. Ando meio derrubadora de árvores, vencedora de lutas silênciosas sem encenação nesse fato, mesmo quando parece que fui a nocaute no quarto round. Me levanto firme. Mesmo sentindo dores na panturilha.
Acontece que sou da guerilha da vida, pela vida; a minha.
Não consigo dizer o que é importante, mas nesse instante fujo semeando pedaços de mim. Sou quebra-cabeça de uma raça, de uns perdidos que descompassam esse ritimo eletrônico da vida.
Fui expulsa do mundo para o mundo, um choque profundo, mas me criei tentando e nem sempre conseguindo. Sou selvagem pela vida, filha dessa estranha natureza em revolta.A Terra esta sofrendo um ataque cardíaco, e somos essa infecção generalizada a derrubar o gigante. Mas eu não caio nos moldes do mundo. Busco algo mais profundo.
Mesmo ao acordar ao sons de buzinas, meu hipnotismo diário me leva a cumprir as rotinas, paralelo a minha saga em buscas de respostas para os meus dilemas. Prego os olhos negros no brilho da lua, o amanha ainda virá em desfio. E terei vitória?
A semente vida floreceu em meio ao incerto, nessa massa de concreto o verde tenta entre frestas no chão sobreviver, na esquina da Barão de Itapetininga com Viaduto do Chá, mas essa vida não deu pra ver pelo google earth.
Estou de chinelos fazem três dias, é um luxo pra mim; o que pra você é porcaria. E me lançaram aquele olhar de nojo novamente. Não sou ignorante, nem analfabeta, não sou estupida mas bem educada, nunca te pedi trocados, tenho minha liberdade independente da sua. Não sou mendigo, nem menina de rua. Já sentou do meu lado para ouvir minha história antes de me julgar? Se não, então fica na sua.
Ideais trançados em cipó, laçados em semente são belos colares, brincos de coco, anéis de coro. Minha natureza é ouro.
Sou andarilha mochileira, levo o mundo na bagagem, levo a vida como viagem, levo histórias pra contar. Levo minha história de incertezas risonhas, trançadas em sonhos de constante fusão.