AS ELEIÇÕES E O ELEITOR

Hoje, terça-feira, dia 19.08.2008, começam os tais de “programas eleitorais”, com os quais temos de conviver dentro de nosso próprio lar sem sermos perguntados se desejamos assisti-los. Aliás, aqueles que ajudamos a eleger no passado é que aprovaram essa lei extravagante – feita para atender interesses eleitorais – com a máscara ou sob a justificativa de que o povo brasileiro deve ter acesso aos programas de cada candidato para poder votar consciente, como se isso fosse possível, no mundo selvagem dos discursos, vagos e imprecisos, que beiram à dissimulação, considerando que tudo que é pregado, invariavelmente, não é aplicado na prática.

Felizmente, hoje existem os canais por assinaturas que alguns poucos podem ter acesso e assim conseguem driblar a retórica dos discursos, escolhendo canais mais instrutivos e compatíveis com o nível cultural das pessoas. Ouvir a todos aqueles candidatos – que se inscrevem como cabide de votos – para auxiliar na votação dos “Caciques” no mundo partidário é o mesmo que assistir ao programa “Pânico na TV”, observando-se, contudo, que este último é transmitido para o Brasil com a chancela do humor, conquanto, nos programas eleitorais, o candidato (alguns quase analfabetos) são colocados em frente à uma Câmera de TV e por não terem discernimento suficiente para dizer algo de forma espontânea, prestam-se a ler vinhetas colocadas à sua frente e ainda têm o descaramento de fazerem a pose do homem simpático e bondoso, no entanto, “o tiro sai pela culatra”, pois nenhum deles fez curso para ator e acabam posando de ridículos.

Mas vamos tentar ver essa questão pelo lado bom. Essa aparição perante as câmeras dá ao leitor e dimensão da capacidade do candidato e certamente a faceta renderá para o aspirante ao cargo eleitoral um discreto “não” no dia da eleição. No entanto, alguns se superam e até passam alguma noção básica sobre o mister de representante do povo. Quanto a estes, também temos de ter todo o cuidado, pois ali em frente às câmeras podem falar o que bem desejar, no entanto, as promessas mirabolantes e sem um fundo de coerência devem ser afastadas como repúdio nas urnas. Enfim, deverão sobrar algumas opções coerentes e de origem menos duvidosa, para que o eleitor; Aí sim! - Possa votar consciente.

Em todo caso, toda a cautela é pouco. Explico: Nestas épocas de eleições, “as surpresas sempre vem a cavalo”, conforme dizem na minha terra. Ou seja, quando você menos espera um vizinho, um colega de trabalho, um cidadão inexpressivo no seu bairro, um parente etc. etc. bate-lhe no ombro e lhe entrega o famoso “santinho” com seu nome gravado e com promessas de melhorias mil para o nosso Brasil. Infelizmente esta realidade é comum em qualquer recanto deste nosso País. Os partidos políticos aceitam estes cidadãos - com oferta da candidatura - para que possam extrair-lhes os minguados votos que mantêm na sua “redondeza” eleitoral. Cuidado com esses cidadãos, pois quase todos eles depositam nessa oportunidade a “galinha dos ovos de ouro” sem saber ao certo o que irão fazer; se eleitos forem.

Hoje, em razão da legislação eleitoral que protege os partidos, não há como afastar de um pleito eleitoral os chamados “Coronéis” que sempre mandam na sua região. Estes, invariavelmente, estão ligados aos grandes partidos e fazem as coligações certas para alcançar o poder. Assim, mesmo que o eleitor queira votar em alguém honesto que porventura esteja num partido, sabe que mesmo que este se eleja, terá de trilhar conforme “a onda” política desses “Coronéis”, logo, não me parece haver uma solução iminente para o problema, a não ser a mudação da legislação.

Por outro lado, temos de escolher o menos pior; digamos assim. Por isso , eu, particularmente, sempre escolho aquele que representa uma classe; porque tem o compromisso com essa classe e terá de abrir as portas do seu Gabinete para atender esses representantes.

Por questão de princípios, não gosto de anular o meu voto e nem de votar em branco. Respeito quem faz essa opção, mas penso que a pessoa perde uma oportunidade de direcionar o seu voto para quem pode fiscalizar. Vejo essa questão como um conduta dentro de uma grande família, onde todos têm de conviver, independente de quem está destinado a dirigir os destinos dessa família. Sempre há também nesse convívio alguém que é a ovelha negra, mas nem por isso deixa de pertencer a família, por isso as pendengas que daí surgem devem ser administradas em conjunto, sob pena de ocorrer o caos.

No Brasil nós temos a Instituições que sustentam o Estado de Direito, logo, temos de respeitá-las estando ou não bem administradas. Querendo ou não somos forçados a escolher, por isso penso que temos de exercitar o nosso voto, pois ao povo é a única forma que resta para tornar concreta a sua irresignação, nem que seja para votar em que não irá se eleger.

Aliás, importante frisar que eleição não é um jogo, porque no jogo presume-se a vitória de uma só das partes. Aqui, nas eleições, todos devem ganhar independente de quem for o vencedor. Portanto, ninguém perde o voto, porque muitas vezes errando o candidato, o eleitor acerta o voto, porque votou em alguém que não seria o ideal e isso propiciou que ganhasse o melhor.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 19/08/2008
Reeditado em 19/08/2008
Código do texto: T1135552