IGUALMENTE DIFERENTES
IGUALMENTE DIFERENTES
Olhando de longe, todos os humanos têm geralmente uma cabeça, dois olhos, um nariz, uma boca e provavelmente não será preciso citar o todo o resto, pois que fazemos parte desse mesmo grupo. Isso significa que somos iguais, mas diferentes no formato do resto e cor dos olhos, no comprimento do cabelo, no contorno das pernas, postura e etc. Contudo e por alguma razão essas diferenças fazem mais diferença do que deveriam fazer.
Como se isso não bastasse, existem outras características que podem compor a lista. Sentimentos e atitudes são as mesmas em situações diferentes. Carinho, amor, raiva, ódio e rancor entre muitos outros fazem parte de cada ser, mas são dedicados a pessoas diferentes. Isso não significa que seja recíproco, o mais comum é que sejam desencontrados. Frequentemente, agimos com teimosia criando expectativas para depois chorar lágrimas de crocodilo dizendo que fomos ludibriados, enganados, iludidos...
As atitudes demonstram como tudo isso foi desenvolvido através das vivencias de cada um de nós. Ainda que aparentemente sigamos os mesmos caminhos, chegamos a resultados diferentes de acordo com nossas escolhas. O que nos é comum a outros causa pura estranheza. Nem mesmo o vocabulário é utilizado no tom compreensível a todos. Assim por diante A se torna B e a uma terceira pessoa torna-se ainda C, passando por mais pessoas, formamos mais que o abecedário de diferentes interpretações de uma mesma situação, que pode ainda ser diferente da intenção de que disse. E o pior que pode acontecer, é confundir o interlocutor com tantas opiniões que ele próprio já se perdeu da sua própria.
Difícil esperar que a humanidade consiga se entender. Sem precisar ir tão longe, uma relação a dois se complica tanto no silêncio, como no diálogo ou no extremo de uma briga. Enquanto esses seres tão parecidos se comunicam sem dizer palavras, transmitem seu acordo ou desacordo por meio de gestos. Um olhar também diz muito, mostra se está atendo, se está alienado, com os pés no chão, com a cabeça na lua. As possibilidades são infinitas, a tal ponto se não termos idéia do se passa dentro de cada um. Onde as respostas e reações serão buscadas, se serão trazidas de experiências do passado e que não querem que sejam vividas novamente. Podem ser reações automaticamente viciadas e por isso, realizadas constantemente.
Limites são ultrapassados enquanto medos são mantidos. Imprevidente esforço para ir além do que já fomos até hoje, gastando toda a energia em um só trajeto que pode não ser o desejado. Se o medo não fosse deixado de lado, talvez a dúvida levasse à ponderação e a ponderação a um raciocínio que evitaria sofrimentos desnecessários. Sob outro ponto de vista, o medo pode nos inibir de viver novidades e com elas aprender, sem sermos sempre surpreendidos por estarmos na cômoda mesmice a que nos entregamos. Mas ao mesmo pode ser já conhecer onde estamos e isso é bom. Tudo derivado do mesmo sentimento MEDO.
Lançar-se ao fogo sabendo que irá se queimar, manter-se na brasa onde o calor é suportável, encolher-se no frio para congelar o tempo. Na verdade, nenhuma das nossas verdades é permanente, somos mutáveis, mutantes, humanos. Mutáveis entre ações e reações que nos conduzem pela vida, envolvida por sentimentos, sensações, anseios...
Mutantes por mudarmos nossos corpos para que ele seja diferente do que é, utilizando o meio que convém: ginástica, plástica, aparência, roupagem. Tornando-o igual a algo que julgamos ideal. Somos humanos em busca de sermos felizes, com medo dos nossos próprios fantasmas, escondidos no escuro, por vezes querendo estar sob o cuidado da luz como se nela pudéssemos enxergar tudo com clareza. Mas é nossa visão que confunde não o cenário, não são as palavras é a leitura que fará a diferença.
Somos caminhantes que no fundo não sabemos de onde saímos, temos apenas uma idéia de nossa origem. Caminhantes que não sabemos onde vamos chegar, se vamos chegar e com quem vamos contar. Sozinhos ou acompanhados o sol pode aquecer um e torrar o outro, a chuva pode refrescar quem estava se torrando ao sol ou pode levar a hipotermia a quem apenas se aquecia. Atraídos somos sem saber uns aos outros, pelas estradas que se cruzam alterando nosso destino, a decisão de mudar é individual e todos temos iguais chances de decidir, mas podemos decidir por escolhas diferentes. Tomamos a estrada por nossa vontade ou estrada é que nos conduzirá. O mais importante é que nunca caiam as pontes entre nós...