Minha ex-cunhada...
Se durante um bom tempo eu não compus crônicas, tudo se deve por conta da minha correria. Sempre naquele afã das atividades e nas labutas do cotidiano.
No entanto, hoje resolvi voltar a escrever as minhas crônicas, a partir da percepção da minha realidade, do mundo que cerca à minha volta e o que vejo - entre as concepções e visões que carrego.
Pretendo escrever sobre a minha ex-cunhada. Há mais de um ano eu queria escrever. Entretanto, faltava a mim inspiração para compor à altura sobre quem ela foi e o que significou para mim, durante mais de 2 anos e meio.
Não vou negar que ela foi uma grande amiga, entre todas as vicissitudes, virtudes e defeitos. Uma pessoa íntegra, de comportamento exemplar. Ela amava intensamente a vida, com jovialidade. Seu rol de amigos, entre trabalho e igreja, além de outros contatos ligados ao Seminário, traduzia a fundo quem ela sempre foi.
Uma companheira de verdade!
Mesmo por vezes ou outra batendo de frente, às vezes por conta das minhas limitações pessoais ou pelo temperamento forte por parte dela, não posso negar os bons momentos que eu tive ao lado dela.
Tinha o prazer de ajudar, de uma forma ou de outra, quando ela precisava ou através dos conselhos que (acredito eu, tenha conseguido... sei lá) pude dar para ela no campo afetivo ou até em um ou outro horizonte da vida dela espiritual ou emocional.
Por trás do forte temperamento dela, eu descobri, na minha ex-cunhada, a pureza da vida e de todos os sonhos que ela sempre carregou para si. Uma cunhada convicta dos seus ideais e valores; que sabia o que fazia, aonde pisava, o que falava e o que pensava, custasse o que fosse - ainda que, vez ou outra, de maneira involuntária, machucasse uma ou outra pessoa, pela forma franca e sincera das suas palavras.
Jamais nego o desprendimento dela e o senso de coletividade e de responsabilidade. Suas atividades eclesiásticas, além de ser educadora, sempre foram de ajudar e servir as pessoas, na condição de instrumento de Deus, em sua área de atuação.
Relacionamento ambígüo!? Não sei.
Tenho um "quê", entre momentos em que ela, sem perceber, me magoou. Algumas vezes eu a perdoei. Noutras, sequer tive capacidade de exercer o amor de Deus em plenitude para perdoá-la. Nos mais diversos momentos, compartilhávamos nossos medos, sonhos, vitórias e projetos, sendo verdadeiros confidentes.
Amigos de verdade!
Nessas alturas, estou em Cuiabá e ela na Rio de Janeiro, na Caviana, em pleno sol da Taquara. Não posso esquecer desta crônica-testemunho. Com todas as ambigüidades, não negarei que ela foi a melhor cunhada que tive até aqui - até para aturar um convicto renitente e contumaz como eu, a ponto de beirar à teimosia.
Enfim... das cunhadas, a melhor. Se não foi a dos sonhos, com certeza foi a melhor que tive na minha realidade. Uma cunhada de marca e de valor.
Como ela, ninguém!