Ritual da Lua.

Há quem duvide da força da lua em nossas emoções. Eu nao. A lua não só me encanta o olhar. Ela brinca em meu rosto, como cantou Dalto, na década de oitenta e chega a me tirar do eixo.

Como a lua, tenho fases. E me sinto cheia de sensações, quando ela está plena. A sua força penetra em meu ser, vasculhando saudades, dores, desejos, amores e desilusões.

A lua me desnuda e me torna vulnerável. Eu vibro e choro com o luar.

A sensibilidade, em mim já aguçada, na lua cheia transborda e deve ser por isso que corro para o mar. Além de contemplar as cristas das ondas douradas, lá deságuo meus excessos.

Em minutos dispo-me inteira. Lavo cada recanto de mim. Perco-me no reflexo da lua. Encontro-me em sua luz. Visto-me com um pouco de sua beleza.

A mulher que desce, não é a mesma mulher que sobe a Ladeira do Sol, em noite em que é a lua que reina. Aquela deixou suas mazelas no mar. Essa é uma mulher renovada que recomeça seu caminhar.

Hoje, o eclipse lunar, fez o meu ritual mais necessário. Há dias vinha sentindo o rebuliço causado à minha volta e no meu âmago. Cumpri-o como uma boa discípula de sua majestade que vem e altera as minhas marés.

"Tantas vezes eu quis

Ficar solto

Como se fosse uma lua

A brincar no teu rosto

Cuida bem de mim

Então misture tudo

Dentro de nós

Porque ninguém vai dormir

Nosso sonho”

Dalto.

Evelyne Furtado, 16 de agosto de 2008.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 16/08/2008
Reeditado em 17/08/2008
Código do texto: T1131675
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