De Braços Abertos

É sempre a mesma coisa, todo ano.
Todo dia que antecede o meu aniversário eu me pego fazendo planos
e mentalmente arquitetando a listinha de resoluções que nomeio de Novos Hábitos.
São as coisas que vou deixar de lado e as coisas que vou iniciar.
Tem gente que prefere a virada de ano para mentalizar mudanças,
mas eu prefiro no ano novo só comemorar.
Bom, então estou lá, diante dos 38 anos prestes a me abraçar,
mentalizando um desejo ultra-secreto, arrolando alguns sonhos de consumo, promessas que sei que irei esquecer de cumprir, mas que
repito várias vezes na intenção de um "agora vai" e não de um talvez,
relacionando pessoas das quais preciso me lembrar e pessoas que preciso esquecer de vez.
Se a lista irá valer ou não é outra história, mas o importante é traçar metas, desenhar as curvas e as retas por onde irei caminhar,
buscar algo novo, motivações, viagens, objetivos reais para poder superar
e conseguir uma vida leve e saudável, com paz em casa,
sucesso no trabalho e amigos para compartilhar...
Percebi que não preciso muito.
Me sentar sozinha olhando o quadro na parede, que eu mesma pintei e sorrir, dirigir meu carro pela cidade sem medo dos vidros estarem abertos, caminhar pela avenida principal e não ver crianças pedindo esmolas, esperar minha filha no portão e abraçá-la enquanto me conta dos namoricos na escola.
Seria fácil sorrir para tudo e cantar Zeca Pagodinho "Deixa a vida me levar...vida leva eu..."
De qualquer maneira, os 38 chegaram mesmo e eu só quero é ser feliz...então, enquanto a vida me leva eu canto..."você me abre os seus braços...e a gente faz um país".

Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.

16/07/2008 - 23:45