Bom dia
Aos nove anos fui matriculada na catequese para fazer a primeira comunhão. E a única lembrança boa dessa fase foi uma canção que aprendi, bom-dia era o título.
Falava desse cumprimento matinal que poderia fazer a diferença no dia de quem diz e de quem recebe. Sei a letra até hoje.
As outras coisas da catequese foram completamente negativas. Antes, ir à missa de domingo era uma alegria, pois gostava das canções, de brincar com as outras crianças no pátio da igreja. Depois tinha que ir para a igreja em jejum para comungar, ficava com fome e de mau humor. Descobri que existia o tal do pecado e que todos eram o vigário que me dava penitências muito chatas, rezar e rezar orações decoradas. Isso também não foi legal, decorar orações.
Mas já cresci, e sei que posso fazer tudo do meu jeito.
O bom-dia, no entanto, marcou minha vida e gosto muito de usá-lo. Percebo que as pessoas ficam surpresas ao recebê-lo, principalmente se não me conhecem.
Depois acabam gostando e tomam a iniciativa.
Claro que tem muitas outras pessoas que não gostam de conversar logo cedo e evitam até de cruzar o olhar com algum colega ou amigo. Já tive uma amiga assim. Só lá pelas dez da manhã, no segundo período de aula que ela falava comigo.
Nem levanta os olhos do caderno, acho que os ouvidos ouviam, mas a boca não funcionava para responder. Depois ia ficando bem como se nada tivesse acontecido. Nós éramos adolescentes nesta época e acho até compreensível mudança de humor nessa idade. Só que a gente vai crescendo, amadurecendo, e fica muito feio ser emburrado.
Alguns são tímidos, isso é verdade, e dependendo do cargo que ocupam ou a tarefa que desempenham, sentem-se constrangidos em sair cumprimentando a todos. Porém, independente de tudo isso, receber um sorriso, um aceno ou um “bom-dia” logo de manhã sensibiliza qualquer pessoa. Acho até que essa pessoa vai dar uma olhada no sujeito e pensar o que o faz tão feliz.
Acho que a felicidade de alguém tão disposto está nele e não na expectativa que os outros o façam feliz. Bom-dia!