BRASIL DESENVOLVIDO
Acreditem se quiser, meu filho nasceu na melhor fase do Brasil. Meus pais quase não podem acreditar , tudo que um dia eu quis ter ; e eles quiseram me dar; hoje meu filho pode desfrutar.
Nem bem tem três anos mas já tem tv no quarto, dvd, vídeo game, laptop, e ar condicionado, isso sem falar na infinidade de brinquedo, homem aranha, power rangers, Bem 10, pica-pau e outros de nome que nem sei falar, já tem aula de inglês e sabe tudo de informática.
Eu ainda não sei bem as funções do meu celular, mas ele usa a câmera integrada e os jogos que nele há.
Tão pouco tempo faz que ele nasceu, mas já viajou de avião, se hospedou em hotel e conhece o beach park, coisas que até pouco tempo era sonho pra mim, pra ele é uma realidade.
Realidade que ele encara com uma maturidade, que eu dá idade dele talvez, não teria.
Você teria?
Próximo a sua festa de anivérsário de um ano, eis que surge um péssima companheira : a laringite alérgica provocada por inalantes, seguida de sinusite, rinite, adenóide e agora mais recente hipertrofia dos cornetos nasais.
É realmente ouve desenvolvimento. Comprar aparelho de aerosol e onze tipos de remédios até descobrir um que não provocasse tanta reação, hoje já não é mais tão difícil.
Complicado mesmo é explicar porquê no meio de uma festa ele tem que parar para tomar aerosol, ou porquê ele tem que tomar remédio quando está assistindo ao pica-pau e perder a melhor parte, ou porquê ele não pode usar perfume para ir ao colégio.
Mas quer saber o que mais me deixa triste?
Cada vez que eu converso com uma amiga que tem filho pequeno é como se fossem todas pneumologistas, dada a quantidade de nomes de doenças e de remédios conhecidos em tratamentos usados nos próprios filhos.
Se perguntar a cada uma delas, inclusive eu e você, vai dizer que não agüenta mais a poluição, que não sabe como nossos filhos vão respirar, se haverá água para eles beberem.
Embora seja comum a cada um de nós, escovar os dentes com a torneira ligada só pra não ter o trabalho de ligar e desligar mais de uma vez, comprar desodorante aerosol só porque é mais cheirosinho, ou pedir a mulher do super mercado para colocar mais de uma sacola plástica nas compras para ficar bem reforçado.
A praia ainda está resistindo mas teimamos em jogar o palito de picolé ali mesmo; ainda que ele só se decomponha daqui a seis meses, o lacre da latinha de refrigerante vai ficar lá por dez anos, mas... Mas não tem problema a praia está em desenvolvimento e em alguns séculos teremos uma praia de aço.