Cada um no seu quadrado

Foi o tempo que se achava que música era para elevar a alma. Nestes momentos é que torcemos, independentes de crença, para que não tenha reencarnação, ou que os mortos fiquem noutro andar olhando o que acontece aqui embaixo. Imaginem gênios, como Beethoven, Mozart, Chopin, Jobim, Carlos Gomes, Noel Rosa, Pixinguinha, etc, etc, etc e tal, ouvindo o que se produz hoje em termos musicais, todos sem exceção, torceriam por morrer outra vez. Deve ser aqui o inferno, os reencarnados estão pagando seus “karmas”.

Houve um tempo, que eu queria ser guitarreiro, numa banda, veja só, para tocar covers de Guns, Kiss, entre outros, mas não sabia tocar patavinas, desisti para o bem geral dos apreciadores da boa música, mas a mesma idéia, não tiveram outros milhares de músicos que vemos por ai, que nem tocam, nem cantam. Tem uns, inclusive, que até no chuveiro cantam com play-back. Mesmo sendo um músico fracassado, não virei critico musical, como fazem outros.

Fico pensando se no futuro, terei que dizer aos meus filhos, que bom mesmo era o “é o tcham” e suas rebolantes e medíocres composições, tendo inclusive uma das bundas do grupo indo gravar músicas infantis, e o que é pior, levou sua dona para fazer o que só ela era capaz de fazer, merda. Para ai sim, pensarmos em Xuxa como clássico do cancioneiro infantil. Pior que a cada ano as composições tornam-se mais medíocres, “mais piores”, “mais ruins”, e diria mais “estão mais piores de ruins”. Aliás, algum “bom compositor” de Funk, poderia adotar essa: “Or, or, or, tá mais pior”.

Já tinha ouvido rima pobre, mas essa de “ado, ado, ado, cada um no seu quadrado”, ultrapassou os limites da mediocridade do sucesso momentâneo, que ainda bem, alguns meses na frente ninguém lembra mais, só que já tem um ainda mais anódino para substituí-lo. A humanidade anda em círculos perigosos, com tempos favoráveis a mudanças, auges culturais, criativos e outros de ostracismo e insignificância. Estamos no meio de um furação de dejetos pútridos, sem ver a luz no fim do túnel. Talvez estejamos cavando rumo ao fim.

Podem dizer que tudo é valido culturalmente, já que o tempo é seletivo e só as coisas boas sobrevivem, como afirmaria Darwin na evolução das espécies, mas creio que ele estava equivocado, na espécie humana não há evolução, ainda se acredita em lendas de mais de dois mil anos, e se canta como nas cavernas, com monossílabas.

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 14/08/2008
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