QUEBRARAM A CADEIRA DO JURI!!!...

Não quebraram a cadeira do juri...

Ana Maria foi quem a quebrou...

Quebrou talvez não por prazer, mas de uma forma involuntária. Os risos expressos em cada semblante rosado denunciam a insegurança ao poder... Ao poder que emana do povo, mas que é abortado pela opressão e pelo boicote de informações.

Isso mesmo! Ana Maria quebrou a cadeira do juri... Do juri que julga “sabe lá o que e de que forma”... Do juri que se sente a Justiça, quando, na realidade, é injusto e injustiçado e, na maioria das vezes, móbiles da jurisprudência.

Para quebrar a cadeira é necessário sentar-se. E, às vezes, sentar-se é acomodar-se. Ana Maria estava sentada, atenciosa, ansiosa... Havia deixado seus afazeres cotidianos para quebrar a cadeira e justamente a cadeira do juri. Mas, após ter quebrado se levantou com a face “corada” e, de pé, encorajou-se para dizer que a havia quebrado.

Acredito não ser mera coicidência, mas Ana Maria, negra, educadora, advogada (de Ibirapitanga) também quebrou o elevador... Assim, inicia o cronista popular Rodrigo Dias, a quem muito estimo, para encaminhar o desfecho do seu livro “Crônicas ao meio dia”.

Pode não ser a mesma Ana Maria...

Pode não ter os mesmos objetivos...

Pode não ter os mesmos ideais...

Mas, assim como Ana Maria do elevador, Ana Maria da cadeira também é uma mulher... Mulher com sinônimo de sofrimento que traz no brilho dos seus olhos a ESPERANÇA.

Ser Ana Maria é ter coragem para quebrar o elevador e quebrar a cadeira do juri...

Ser Ana Maria é assumir o compromisso de quebrar tantas cadeiras que acomoda e nos deixa omisso diante de tantas indignações...

Ser Ana Maria é juntar-se a outras Ana Marias que são capazes de representar, pela sua coragem, a dura lida das mulheres que, amarguradamente, entregam suas vidas para a transformação dessa sociedade injusta e hipócrita, que deixam as pessoas caídas das cadeiras ou nelas sentadas de olhos vendados.

"Precisamos quebrar os elevadores que andam verticais e fazê-los também andar horizontais estendo o direito a todos e a todas que caminham neste solo".

Precisamos quebrar as cadeiras do juri assim como Ana Maria, e não achar isso ridículo, porque ridículo seria continuar sentados aguardando o réu para incriminá-lo ou absolvê-lo.

Precisamos quebrar as cadeiras do juri e fazer a festa do riso da primavera e libertarmos desse mal que assola o mundo: O COMODISMO.

E após quebrarmos as cadeiras do juri ver um girassol em cada janela pela liberdade que um dia deixará de ser UTOPIA.

Sejamos, portanto, simplesmente Ana Maria por sua coragem de quebrar os elevadores e as cadeiras dos juris da vida – não mais por acidentes, mas conscientes de que não devemos continuar “desabrochado” no chão, e sim erguidos de pé, na luta e na certeza de que um “NOVO MUNDO É POSSÍVEL”.

Jorge Axe

Um Educador Popular que acredita que uma outra JUSTIÇA é possível.

Salão de Juri de Ubaitaba, tarde de 11 de agosto de 2008