Os infinitos anseios do milho
9/10/7
Todos os sonhos do mundo são suficientes quando não se pode ser nada, Pessoa?
Desconheço o infinito, desconheço os anseios alheios, e desconheço de que forma a pipoca estoura.
Tudo isso em meio a tantas... Tantas outras imprecisões.
Todavia, dentre as bilhões de almas que afloram pelos nossos confins, quiçá ao menos uma há de estar neste exato instante a almejar o infinito. E a comer pipoca.
Algum desavisado diria: feliz é a pipoca, porquanto já está no final da sua mera existência.
Ledo engano.
A pipoca, que assim como eu, desconhece o infinito e os anseios alheios, já não pode mais ser feliz porque explodiu.
Deflagrou-se como numa salva fúnebre, alva e singela, virando petisco praqueles que teimam em desconhecer. E assim se fez infinita.
Mal sabe o desavisado, que feliz sou eu, que apesar de ignorar as coisas, me faço intacto como milho.
Assim eu sigo, desconhecendo e carregando em mim todos os sonhos do mundo, sem ao menos saber se algum deles será útil um dia.
Sigo prostrado ao sul do mundo, desconhecendo tudo, sonhando tudo, e inexplicavelmente... Feliz.