o oposto dá tempero
Ontem, antes do pôr-do-sol, fui visitar um santuário, lugar de peregrinação e devoções. Muita gente circulava nos arredores daquele templo enorme. Já caía a noitinha quando passei em frente a uma estátua, não de santos, mas daqueles homens que ficam imóveis boa parte do tempo, chamando a atenção dos transeuntes que admirados esperam. Eu gosto dos contrastes.
É incrível como todos quantos por ali transitam, com aquela correria toda do comércio, observam alguém que não se move. Eu não consigo compreender o limite da concentração. São estátuas de eventos, que por instantes firmam os olhos dos espectadores em sua própria direção e parece até eternizar-se em momentos imensuráveis.
Aquele que observa tem a chance de tirar fotografias e até mesmo ganhar um abraço do desconhecido mascarado e ao deixar uma moeda recebe um cartãozinho. Comigo não foi diferente e a mensagem que recebi foi “nada pode te deter de ser feliz, de impedir de ir em frente. Ninguém pode afastar você da felicidade a não ser você mesmo, você pode fazer a diferença”.
Não sou lá muito de acreditar em horóscopos, nem cartomantes, nem jogos de azar, nem de cartas, nem mãe de santo ou coisas do gênero. Todavia, me surpreende mais em tudo isso não é a bela frase motivadora e por sinal muito envolvente, mas o contraste que acontece entre a correria de toda aquela gente e a moça ou o moço que consegue se manter inerte.
Eu gosto dos contrastes, talvez seja por isso que minha mãe coloca uma pitada de sal no bolo doce, ou coloca uma pitada de açúcar na mandioca. Talvez seja por isso também que a felicidade caminha de mãos dadas com a dificuldade no mesmo compasso que o sorriso e a lágrima. E não nos damos conta de que o oposto é que dá o tempero.