Tempo de Recomeçar
As nossas vidas são marcadas de começos e recomeços. Como escreveu certo filósofo francês, ela (a vida) é uma sucessão de continuidades, descontinuidades e rupturas.
O recomeço, no entanto não é tarefa fácil, pois no primeiro momento implica em admitir começar do zero novamente, ou seja, reconhecer que a caminhada trilhada até o momento presente deverá ser interrompida. Este ‘admitir’ não é como pronunciar simplesmente uma palavra. É uma cisão, um novo começo.
Em alguns casos a decisão mais acertada a fazer é exatamente recomeçar, embora alguns caminhos não são possíveis percorrer duas vezes. Isto, se considerarmos a tese de Talles de Mileto, que diz não ser possível banhar-se no mesmo rio duas vezes. O mais provável é que ao recomeçar algo, estaremos iniciando uma nova ação, não a mesma ação do passado, mas outra ação.
O passado por sua vez tem o hábito de nos empurrar a repetir os erros, a isto, chamamos princípio da insanidade, ou seja, repetir o mesmo comportamento, esperando resultados diferentes. Por isso mudar é tão difícil, daí o fato de muitas pessoas desistirem de seus objetivos, pois, alcançar certos alvos, implica mudar comportamentos, mas quem tem disciplina suficiente para efetuar tal mudança.
A mudança, porém, é um processo, significa dizer que não é um movimento repentino, brutal ou automático. Toda mudança implica uma conscientização, um ponderamento, toda mudança implica em transformar a própria realidade. Como escreveu Rubem Alves, mudar é reformar a casa com agente dentro dela, tudo fica fora do lugar, o transtorno gerado com a poeira, o cheiro de tinta, as batidas de martelo, nos conduzem a recuar e permanecer com a comodidade do óbvio. Alves nos adverte com um, porém, àquele que ousar mudar; “aos poucos o que era transtorno vai ganhando contorno de lar, e o que se vê causa alívio e admiração”.
Jonatas C. de Carvalho