FESTA JUNINA.

 

     Em várias oportunidades manifestei minha opinião sobre festinhas que são marcadas para os domingos à tarde. São, nada mais nada menos, que artifícios de vingança das esposas que não se conformam que seus maridos depois do almoço com  umas e outras latinhas de cerveja, se esparramem no sofá da sala e ronquem até a hora do futebol pela TV.

     Continua sendo para mim um grande mistério sobre o real motivo que as esposas implicam conosco, primeiro porque tomamos cerveja antes, durante e depois do almoço e segundo porque gostamos de nos esparramar no sofá da sala. Isso sem contar que elas não conseguem entender porque gostamos tanto de futebol.

     Elas vivem dizendo que futebol é uma grande bobagem , pois só tem uma porção de homens correndo atrás de uma bola. E  tem   mais,  e se no horário do futebol  aos domingos à tarde a TV só mostrasse disputa de vôlei de praia feminino ? Qual seria a reação delas  ? 

     Mas vou ser sincero, naquele domingo só concordei em ir a tal festa por ser do colégio da minha neta e pelo simples motivo de que ela  também ia se apresentar numa dança com sua turma.

     Domingo de sol, muita preguiça, almoço que saiu mais cedo e sem cerveja e lá fomos nós para o local do evento, eu com sono, sede e preocupado com o horário do futebol e a patroa, serena, feliz por estar estreando uma blusa e batons novos. Outra coisa que não consigo entender. Por que as mulheres estão sempre querendo estrear uma blusa nova ?

     Quando chegamos o salão já estava cheio e a sorte é que tínhamos reservado mesa, que por sinal ficava bem a beira da pista . A um canto do salão ficavam as barracas com os comes e bebes e pude perceber que em duas delas, tinham mais homens do que balconistas. Não tive dificuldade de entender o motivo.

     Uma das barracas servia churrasquinho e caldo verde e a outra, cerveja e refrigerantes. Tão logo pude, enquanto as danças não começavam e sob pretexto de ir ao banheiro, fui conhecer as barracas de perto. Coincidentemente encontrei dois vizinhos e me esqueci completamente de voltar para minha mesa.

    Principalmente porque fui convidado a provar um churrasquinho de frango com bacon, além de ter ganho uma latinha geladinha de cerveja. Churrasquinho e cerveja estavam ótimos mas estava tão distraído que levei um susto quando a patroa me deu um pequeno toque no ombro.

     Com voz e olhar de gelo me avisou que já estava quase na hora das danças começarem. Pedi licença aos companheiros e voltei para minha mesa, de mãos dadas com a patroa. Mas antes acabei com a cerveja de um só gole.

   Tenho certeza de que minha meia dúzia de leitores já foi a uma festa junina de crianças. São danças, rodopios, algumas palmas, aplausos e repetição da dança. Fora fotos, mães e pais corujas que se babam ao ver seus pequenos se exibirem para uma platéia atenta. Só que desta vez percebi algo diferente. Refiro-me às professoras.

   Com o devido respeito, todas eram jovens lindas, cabelos soltos debaixo de chapéus de vaqueiro e vestidas com calças jeans justíssimas, sem dúvida, eram um espetáculo à parte. Bem diferentes do meu tempo de aluno de escola primária.

   As professoras daquela época, se o efeito das cervejas e do churrasquinho me permitiam lembrar, usavam vestidos rodados com um comprimento de meio palmo abaixo do joelho. E se minha memória não estava falhando, todas tinham cabelos presos, eram seríssimas e a maioria usava grossos óculos de gráu com hastes negras.

    Aquelas professorinhas, ali naquela pista, pareciam muito mais bailarinas principais de um balé espontâneo e simples e, para delirio e satisfação de todos os marmanjos, deram nova vida àquele encontro.

    Não sei quanto tempo durou a festa. E se querem saber, esqueci completamente do futebol da TV. Aquelas belas joves, simpáticas, alegres, tão lindas e que com uma graça incomum comandavam aquelas crianças sorridentes de fato, fizeram com que aquele domingo fosse altamente compensador.

    Nem reclamei quando o guardador cobrou uma fortuna só por ter tomado conta do meu carro. Sem dúvida, foi uma bela festa. Poderiam pensar seriamente em promover tres ou quatro festas desse tipo por ano.

    Comecei a ver as professorinhas com uma outra visão. Descontraídas, alegres e principalmente, sabendo impor respeito a todos os que estavam ali, de fato, foram um espetáculo à parte.....

 

 

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NOTA : - Gostaria de esclarecer a minha meia dúzia de leitores que, sem nenhuma dúvida, o melhor daquela festa foi a dança da minha neta. A cerveja, o churrasquinho de frango com bacon e o doce bailar das professorinhas foram meros detalhes.....




(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 12/08/2008
Reeditado em 28/01/2013
Código do texto: T1125503
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