CAPIVARAS
O assunto mais abordado na cidade está relacionado com as capivaras. Elas fixaram residência à margem do rio Corumbataí nos limite do campus da Esalq, uma famosa Escola de Agronomia, da interiorana Piracicaba. Pois, dizem as más línguas, que nos roliços corpos dos ditos “comedores de capim”, estão proliferando uns animais artrópodes, aracnídeos, popularmente conhecidos como; carrapatos estrela. Os mesmos vivem como ectoparasitas nos vertebrados.
Bem o fato polêmico é: que os “taizinhos”, depois que sugam o sangue das capivaras, se conseguirem se alojar nos vertebrados, ditos racionais, estes mesmos, os de duas patas, e, se estiverem contaminados, em pouco tempo podem levá-los à morte, com a febre maculosa. Então, uma corrente pensadora da população é adepta do sacrifício dos animais de quatro patas em prol da saúde do de duas.
Sendo assim, os marqueteiros de plantão criaram um slogan interessante contra os quadrúpedes, e ficou assim__ Mate-as antes que elas os matem!!__. E o veiculam pelos meios de comunicação da cidade, sem ao menos perguntarem para as maiores interessadas_ as capivaras_ o que acham da tal idéia?
Mas, sem paciência para entrar no mérito do assunto, resolvo que esta na hora de ir à hidroginástica, pois havia me esquecido completamente, que agora, as aulas mudaram para o período da tarde. Ao chegar à academia, a secretária, uma jovem alegre e educada faz o seguinte comentário:
_O que você veio fazer aqui? Esta não é a sua aula, agora é a vez da turma da maioridade.
Nossa! Atravessei o saguão, com três largos pulos e a abracei. E não contendo mais a alegria pelo seu comunicado jovial num ímpeto fui logo falando:
_Agradecida pelo elogio __ disse com um sorriso escancarado no rosto __ hoje ganhei o meu dia!
Ao sair do vestuário, já paramentada para a aula_ vestida com maiô, touca, óculos de natação e halteres de isopor _ percebi na piscina, um bandinho de senhorinhas, na parte mais rasa, agarradas a barra, com medo de afundar. O professor atencioso ensinava os exercícios sempre brincando e as apelidou carinhosamente de bandinho de capivaras.
Perfeito. O apelido veio mesmo a calhar, mas o interessante é que com o passar dos dias elas demonstravam o quanto o exercício estava sendo bom para a saúde de todas_ tanto do corpo, como a do espírito _.
_Que delícia está à água _ falavam todas uníssonas em seus comentários.
_ É cansativo, mas é muito bom _ comentava a Maria, enquanto se esforçava em fazer o polichinelo _ Se eu soubesse que era tão bom assim não tinha perdido tanto tempo da minha vida!...
_ Vamos agora pular como rãzinha. Mas, não vale saltar fora da piscina _ brincava o seu Tatiano, enquanto ensinava um novo exercício para as meninas.
_ Um, dois, três... Bem!! Agora vocês exercitam como estivessem lavando roupa no tanque.
Dia após dia, novas meninas engrossaram as aulas e grudadinhas na barra o bandinho aprendia novos exercícios.
_ Agora vou contar uma piada_ falei entre um exercício e outro. _ A capivara abriu a boca bocejando na frente da sua prima.
_ Nossa! Você está com hálito de acetona!
_ Ah! É que engoli uma pimenta dedo de moça.
Os risos abafaram a voz do professor. É que ele, caro leitor, continuava a contar os exercícios, enquanto andava pela piscina, sempre próximo ao bandinho de ginastas.
E, assim a piscina da academia foi ficando pequena para tantas mulheres, que estão descobrindo na maioridade, a importância de sair da rotina, e, se entregar aos prazeres dos exercícios em um mundo, onde a água abraça, com calor, uma a uma, como se ainda estivessem no ventre materno.