Enquanto tomávamos o café

Hoje de manhã durante o café falávamos de como os tempos

mudaram. Como a modernidade tirou o encanto das coisas simples,

dos "antigamentes" saudosos dos quais de alguns não tive a felicidade de participar.

Como os valores culturais dos velhos tempos se deterioraram e

cada dia modificam nossa realidade. Em vez de cantos e alegrias, fuzis e canhões se levantam em alerta.

Onde está o tempo das crianças em roda felizes, os passeios no-

turnos sem a preocupação de sequestros e arrastões?

Por onde andará perdido nas lembranças às comitivas e o gado

transportados por peões com a vestimenta rústica e bela através dos sertões para serem vendidas?

Hoje foram substituidos por motos velozes e potentes que cruzam distâncias meio ao gado tambem já acostumado a esse barulho ensurdecedor.

Por onde andará perdido na lembrança, a figura do "leiteiro" que de porta em porta vendia o leite às familias? E o pão sendo entregue

quentinho na porta todas as manhãs? Supermercados com deliverys

os substituiram.

Hoje pouco se vê meninos empinando suas pipas no ar sem o

drama que o cerol trouxe com a modernidade. Eram apenas pipas.

Hoje são pipas empinadas para tirarem vidas.

Ainda bem que soube escolher um lugar para morar. Lindo,

tranquilo, onde ainda se vêm charretes pelas ruas do bairro.

Como deviam ser romanticas as normalistas do passado.

O Instituto de Educação, tão famoso naqueles tempos.

Os namoros das normalistas com os alunos do Colégio Militar.

Como deveria ter sido linda a vida naqueles tempos.

Enquanto tomávamos o café a conversa ia seguindo. Não par-

tiipei.. mas como trás saudade ouvir falar da delicadeza dos tempos

que se foram.

Mas ainda é tempo da arte de rir, de relembrar, de esperar se-

renas primaveras.

Ainda é tempo de deixar a violência esquecida. Tempo de rever a cultura e o respeito pelo semelhante.

Devemos redescobrir naqueles "antigamentes", o lado mais humano e colorido da vida calma e encantadora que ficou esquecida.

Essa agitação febril, arrastada pela vertigem dessa

"virtuosidade moderna" sob a capa de "avanços dos tempos" acaba

tirando de todos que já viveram ou daqueles que ouvem falar o encanto e a delicia dos "velhos tempos" onde o amar e o viver relem-

bravam canções de sonhos e cantigas que eram prisioneiros do mistério e da saudade.

Enquanto tomávamos café..........

ysabella
Enviado por ysabella em 11/08/2008
Reeditado em 12/08/2008
Código do texto: T1122943
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.