A LUZ
Esta semana eu passei por uma experiência desagradável, mas que ao final me sobreveio uma grande lição. Ao chegar à noite em casa, após um dia de trabalho e aulas na faculdade, me deparei com a “ordem de corte de energia” na porta de minha casa, isso mesmo, cortaram minha luz com apenas quinze dias de atrazo. Por ser quase onze da noite só me restava aceitar as coisas que eu não posso modificar.
Ficar no escuro é uma experiência bem desagradável, sobretudo quando se está só numa casa enorme, um silêncio tomou conta do ambiente e eu fiquei sem saber o que fazer. Achei que dormir seria a melhor opção, ao subir as escadas para o andar de cima percebi uma claridade na suíte do meu anfitrião, o clarão vinha da rua e entrava pela porta de uma sacada, o quarto estava muito iluminado, ao abrir a porta, deparei-me com a luz de um poste da rua que praticamente ficava por cima da sacada e, portanto se fazia dia naquele lugar. Decidi ficar ali e usufruir da luz, peguei uma cadeira e sentei-me, olhei para luz e pus-me a refletir... A luz invadia a sacada do meu quarto, clareava quase todo o quarto, prevalecia sobre a escuridão e me atraiu para ela. Ali estava eu escrevendo, bebendo alguma coisa que agora não lembro, desfrutando de uma luminosidade que não era minha, não me pertencia, mas eu podia enxergar.
Acredito que há pessoas que possuem luz própria, são otimistas, esperançosas. Pessoas assim não vêem problemas em nada, vivem contentes em quaisquer situações, não dependem das circunstâncias para estarem de bom humor. Por isso se destacam, estão sempre cercadas por outras pessoas, são sempre bem vindas nos lugares por onde passam. São fontes de energia, de alegria, de prazer. Pessoas assim sempre têm uma palavra adequada nos momentos certos, estão sempre dispostas ao bem, sempre disponíveis ao outro.
Como é bom estar ao lado de um iluminado, como é bom receber luz, talvez tal experiência se assemelhe a deitar-se sobre a areia clara de uma bela praia sob a lua cheia. Todo aquele clarão associado ao som das marés...
No entanto de outro modo, há pessoas sem luz própria, que dependem da luz do outro para se manterem acesas, não podem viver isoladas, pois seria o mesmo que se trancar num quarto escuro. Pessoas assim não sabem como produzir sua própria energia, por que acreditam não haver nenhuma, logo buscam carregar-se em quem tem energia sobrando. São fontes de frustração e raiva, tornam sombrios os ambientes por onde passam. Nunca sabem o que dizer, quando dizem são geralmente pessimistas em suas avaliações. Dependem das circunstâncias para manterem o humor, uma virada no tempo é suficiente para estragar o dia, mas nem sempre o sol é fator de motivação.
A verdade é que todos têm sua própria luz, o problema é que talvez não saibamos como explorá-la, ou não tenhamos recebido incentivos suficientes para acreditar nisso. É muito comum ouvir das pessoas, que as coisas são difíceis e que nunca alcançaremos nossos sonhos.
Mas todos podem contar com a luz própria, basta saber canalizar a energia de forma certa, ouvir as pessoas certas, afinal não é pecado receber luz do outro, pelo contrário é positivo desde que isso sirva para aumentar sua luz própria. Tal prática, aliás, nos permitirá a acumular luz, até que sejamos nós, luz ao outro, ou seja, fonte de luz. Quem sabe ainda não haveremos de iluminar os caminhos de alguém.
Jonatas C.de Carvalho