Eu espero...

Desde sempre eu sei: Tudo que começa, um dia termina. Nada é eterno, pelo menos não no plano material. Todos sabem disso, mas a verdade é que tentamos ignorar tal realidade. A nossa existência baseia-se em negar esta máxima. Nós lutamos dia após dia para provar que nem tudo acaba. Nós vivemos para encontrar e cultivar algo eterno.

E esta busca é a representação do mais sublime dos sentimentos humanos: a esperança.

Porque o ser humano só existe se houver a esperança. Nós lutamos todos os dias com o objetivo de conseguir alcançar algo maior. Nós temos esperança de evoluir. Muitos sequer conseguem o que almejam, mas sem tais metas, não conseguiriam viver um terço do que viveram.

Quero dizer: as metas não precisam ser alcançadas, elas só precisam existir. Elas não importam. Você pode desejar ser um auxiliar de palhaço de circo se quiser, o importante é que você tenha um objetvo, alguma razão para lutar.

Certo dia eu vi pessoas debatendo uma questão: "o que você faria se descobrisse que morreria no dia seguinte?" Muitas disseram que se declarariam para a pessoa amada, outros fariam alguma loucura ou uma aventura. Eu penso diferente. Se eu simplesmente descobrisse que meu tempo se esgotaria em vinte e quatro horas, eu não faria nada. Porque? Porque com certeza eu estaria completamente arrasado. Imagine todos os seus sonhos e objetivos negados. Você nunca se formará na faculdade que sonha cursar, nunca trabalhará no emprego perfeito, nunca casará ou terá filhos, nunca será famoso. Sua vida se limitou àquilo que é no momento atual, você não melhorará. Não irá galgar mais degrais, não irá superar-se. O máximo que você pode fazer é tentar antecipar momentos e sentimentos. Você pode se declarar para seu affair, mesmo sabendo que ainda não está preparado. Talvez você leve um fora, e passe o seu último dia tentando justificar a burrada, dizendo para si mesmo que você precisava falar. Ou talvez, ela te dê uma resposta positiva, e você sorrirá, mas estará chorando por dentro, porque terá só um dia para amá-la. Vai se arrepender por não ter tomado esta atitude antes, e irá passar o seu último dia dividido entre amor e ódio.

Enfim, se fosse pra morrer daqui um dia, que morresse logo então. Mas, eu fico imaginando: e se você fosse morrer dalí a um dia, mas não soubesse? Seria muito melhor do que saber, não? Você ainda viveria para completar seus desejos. Mesmo que no dia seguinte você morresse, não seria como se sua vida fosse vazia. Seu último dia teria sido vivido em prol de uma meta, e não como um desencargo de consciência.

É preciso entender a diferença entre "viver cada dia como se fosse o último" e "viver o último dia". Sinceramente, eu vejo este lema, "viver cada dia como se fosse o último", uma bruta bobagem. Quero dizer, se eu fosse viver o dia de hoje como o meu último, eu não estaria aqui escrevendo. Afinal, não saberia se meu texto ficou bom ou não. Não iria trabalhar, afinal não viveria até o final do mês para usufruir do salário. "Um dia você acerta". Pro inferno, prefiro morrer sem saber. Planejar a minha morte? Basófia! Quero morrer com planos. Quero que meu último dia na terra tenha sido gasto lutando para alcançar um objetivo, e não fazendo "orgias" ou "bungie jump". Aventuras? Para que eu quero uma aventura melhor do que trabalhar seis meses para comprar aquele carro tão sonhado? Porque sair para uma festa e agir como um idiota seria melhor do que estudar para a prova final da faculdade?

Perceba, eu não digo que trabalho é uma forma melhor de gastar o seu tempo do que diversão. Só quero dizer que sempre será melhor agir buscando um bem maior do que simplesmente existir. Se alguém me diz: "eu vivo o momento", eu respondo que é bobagem, ninguém vive o momento. Viver o momento seria o mesmo que viver sem metas. E isto não é viver, é existir. É ocupar espaço, é ser um mau uso de matéria. Enfim, é ser um nada.

Prefiro acreditar que existam pessoas que ainda não descobriram os seus sonhos do que pessoas que não sonham.

Viver sem esperanças e pretensões é péssimo. Antes ter um sonho e não fazer nada por ele, a fazer milhares de coisas sem um objetivo.

Eu poderia citar mais milhares de exemplos sobre este assunto, mas tenho medo de perder a concisão e me tornar irritante.

Outra hora, talvez, eu entre em detalhes mais específicos deste tópico. Se eu não morrer, é claro!