OLIMPÍADAS
Alguém duvida que os jogos olímpicos foram inspirados pelos deuses da mitologia grega?
O espetáculo mais fascinante do mundo, unindo centenas de nações, povos, raças e gerações, algumas até antagônicas, num só batimento cardíaco, num sonho místico de amor e fraternidade.
Mas, e o desrespeito aos direitos humanos? E a falta de liberdade, ausência de democracia?
Parece estranho, mas os mesmos olhos que se petrificam assustados e aterrorizados diante da fome, da miséria e dos crimes contra a humanidade praticados por seres (des) humanos que espezinham seus semelhantes ao mais alto grau da humilhação e desprezo, reduzindo nossa dignidade abaixo do mais peçonhento verme das profundezas obscuras da maldade sem limites; esses mesmos olhos que, diante dessas barbáries, sequer consegue derramar as lágrimas de sangue que contém, por tamanha perplexidade, durante mais de quatro horas também paralisam encantados, maravilhados num momento inebriante como a apologia daqueles deuses das primeiras civilizações.
Até quem não se conforma com a realização de jogos olímpicos num país onde os ensinamentos de seus antigos deuses, pensadores, sábios e filósofos foram jogados no lixo se comove e chega a derramar lágrimas de esperança.
Se o ser humano é capaz de produzir, por mais de quatro horas, um show antológico de louvor às civilizações milenares, encanto de danças, luzes, sons, efeitos especiais e espetáculo pirotécnico, levando todos ao auge da emoção, por que não poderia acabar com a miséria e a dor no planeta?
Afinal gastam-se fortunas incalculáveis em pesquisas espaciais preocupando-se, talvez até por simples demonstração de poder e vaidade, com planetas que estão a milhares de anos luz deste mundo que é a nossa única morada. Outra fortuna é gasta em criação de armas bélicas com imensurável poder de destruição.
Não é possível que só o esporte alimente a conscientização de que somos todos irmãos, gerados por um mesmo e único Criador.
Há países indignos de se transformarem em sede para jogos olímpicos mas, como sempre, interesses econômicos e políticos se sobrepõem à indignação de nossas almas. Porém, não há como negar que, onde quer que se realizem, esses momentos de igualdade e fraternidade, são uma mensagem divina (talvez até daqueles deuses da mitologia oriental, egípcia, grega romana...) para entendermos que só nós podemos salvar nosso habitat, o planeta Terra. Nós podemos. Nós podemos !
SP. 09/08/08
Fernando Alberto Couto