o sono dos ociosos

Deitai! Deitai, ó povo! Pois a hora já é avançada e as pálpebras já se entregam ao relevo das lágrimas e do ardor. Deitai! Pois o corpo fatigado do dia laborioso, não suporta mais sua carne e ossos. Sabei que durante o sono, tua alma vagueia desordenadamente pelos campos onde a matéria viva não tem acesso.

Suas investidas, fruto do dia que passou, assume novas tarefas fazendo-te trasladar onde nunca imaginais ir. Em sonho, sabereis apenas uma fagulha daquilo que gostarias de saborear em vigília, e ficais apenas, ensoberbecido com a lembrança e o gosto do que poderia ser verdadeiro.

Deitai, ó criaturas! Descansai. Sabei que logo após o sono, realizar-se-á uma nova aventura. Um novo mundo se abrirá à tua frente. Um novo sol brilhará em teu caminho. Novas possibilidades, novas aventuras, novos encantos te serão entregue. E o que fareis? Ficareis parados com a pança em cima do tabuado? Dás à ociosidade liberdade para ultrapassar teus desejos de conquista e ficais parados? Não é possível! Eis a tua frente o caminho! Não o vês? Não ouves em sua margem o ruido? Já é de mais a comodidade! Já não se pode construir nem decorar com ornamentos e beleza, o que há muito está oculto construído. Vê-de, seres fantasiosos! Vê-de como vossa vida está saturada de gordura! Vosso espírito já não pode se mover. É chegada a hora, ó guardas da volúpia e do prazer, de levantar vossas cabeças e corpos, e partir. Partir, não sem destino, não sem propósito. Mas, ao lugar certo, ao lugar que é próprio dos grandes. O lugar das grandes mansões!...