AO LIMITES DE NÓS.
Os minutos para o início da prova são eternos.
As vozes das pessoas são sons longínquos,
Os rostos são imagens desfocadas, dezenas, centenas...
Todos unidos no mesmo objetivo: ultrapassar limites físicos, emocionais,
Superar-se, por-se a prova.
Coração acelerado
Só as batidas do coração e o som da respiração são ouvidos
Num eterno tum, tum, tum, tum....
Alongar... perna direita, perna esquerda, braços, pés.
Excitação é o que se sente.
Adrenalina jorrando a mil
Uma viagem ao interior de si,
Despertada pela chamada ao posicionamento de largada.
O êxtase de estar ali supera tudo!
Neste momento só há pensamentos para a estratégia traçada
Atenção ao apito, ao desejo de medalha.
Posicionar, preparar, partir...
Festa, confraternização mostrada pelo atropelo de corpos excitados pelo prazer de correr,
Músculos preparados para o esforço delineam-se em cada atleta.
Passados os primeiros duzentos, trezentos metros, os grupos começam a se definir.
Atletas de carreira seguem à ponta.
O coelho da prova cumpre sua função; puxar o ritmo da prova.
Pouco mais atrás seguem aqueles que tem a corrida como um meio a manter-se sadio, exercitando-se e esportivamente participando.
A grande massa humana é daqueles que vêem a corrida como mais uma oportunidade de integração social de festa, de participar.
Ao final aqueles cuja estratégia aliada à forma física deram certo são premiados com as primeiras colocações.
Poucos sabem o trabalho contínuo, duro para se chegar lá.
Alguns foram traídos pelo corpo, apesar dos esforços e não conseguiram
A maioria alegre cumpre o trajeto enchendo de brilho, a manhã festiva Lisboeta.
E a ponte sobre o Tejo assemelha-se a um arco-íris.
O melhor de tudo é a certeza de que cada um dos participantes leva consigo uma história real, um desejo, um quê... de Forrest Gump, pois o corpo é pequeno, insuficiente para guardar a alma livre e aventureira de um corredor.
Beatriz 13/03/2003