Infância dourada
Minha infância foi muito simples e, ao mesmo tempo, maravilhosa. Éramos quatro filhas levadas, saudáveis e felizes de um casal pobre e morávamos em um bairro de casas muito bonitas e vizinhança excelente, onde poucas casas eram simples como a nossa, construída no fundo do lote que era muito grande, o que resultou em um paraíso particular para nós, com todo tipo de brincadeiras, como: pique, pular corda, passar anel, contar histórias, brincar de casinha, pular o muro da esquerda e fazer a feira na goiabeira de uma vizinha da rua de cima. A goiabeira, que para nós reluzia como purpurina, ficava dentro do galinheiro e um dia, o galo achando demais a invasão da propriedade dele, começou um alvoroço danado, até que apareceu a dona da casa com um facão, que ficou claro que era só para nos assustar e eu não sei como foi que chegamos todas em casa ao mesmo tempo, assustadíssimas. Depois de coisas assim, passado o pior da carraspana que levávamos, a gente se deitava e dormia como os mais puros anjos que já visitaram a terra.
Em uma outra ocasião, o vizinho da frente viajou e eu resolvi atacar o pessegueiro da casa dele, em plena luz do dia. Pulei o murinho subi como um gato na árvore e lá do alto escutei a voz da minha mãe gritando: menina, desce daí agora! Eu me assustei e desci como se fosse uma lagartixa colada no tronco, ralando até em baixo. Essa cena foi uma réplica fiel do que acontecera com a minha irmã, tempos antes e que ficou muito mais esfolada que eu. Levei alguns dias toda esfolada e de castigo; passou logo.
Em casa, tínhamos árvores, verduras e muitas flores. Em meio a tudo isso, um lindo e fofíssimo canteiro de agrião, que era o xodó do meu pai. As minhas irmãs e vizinhas eram todas mais velhas do que eu, que fazia o papel de bobo da corte, então mandaram-me deitar no canteiro que parecia um colchão macio, o que resultou em algumas chineladas. E o canteiro ficou lá, brilhando como esmeralda, me convidando para a próxima tentativa.
O caminho para a natação era cheio de lindas castanheiras numa praça e que davam uma fruta que chamavam de jalão, então a gente apedrejava todas para ver se caía alguma e quando a pedrada acertava alguém, era uma Deus nos acuda, até entrarmos no portão do clube.
Nadávamos muito treinando durante a semana para podermos brincar bastante na água, no sábado e domingo. Era tudo maravilhoso. Pulávamos maré, jogávamos três-Marias, bola peteca ao mesmo tempo que estudávamos e cumpríamos as nossa obrigações em casa; tudo sem cansar e sem perceber que era um tempo dourado e feliz que deixa uma dor aguda no peito cada vez que é lembrado.
Minha infância foi muito simples e, ao mesmo tempo, maravilhosa. Éramos quatro filhas levadas, saudáveis e felizes de um casal pobre e morávamos em um bairro de casas muito bonitas e vizinhança excelente, onde poucas casas eram simples como a nossa, construída no fundo do lote que era muito grande, o que resultou em um paraíso particular para nós, com todo tipo de brincadeiras, como: pique, pular corda, passar anel, contar histórias, brincar de casinha, pular o muro da esquerda e fazer a feira na goiabeira de uma vizinha da rua de cima. A goiabeira, que para nós reluzia como purpurina, ficava dentro do galinheiro e um dia, o galo achando demais a invasão da propriedade dele, começou um alvoroço danado, até que apareceu a dona da casa com um facão, que ficou claro que era só para nos assustar e eu não sei como foi que chegamos todas em casa ao mesmo tempo, assustadíssimas. Depois de coisas assim, passado o pior da carraspana que levávamos, a gente se deitava e dormia como os mais puros anjos que já visitaram a terra.
Em uma outra ocasião, o vizinho da frente viajou e eu resolvi atacar o pessegueiro da casa dele, em plena luz do dia. Pulei o murinho subi como um gato na árvore e lá do alto escutei a voz da minha mãe gritando: menina, desce daí agora! Eu me assustei e desci como se fosse uma lagartixa colada no tronco, ralando até em baixo. Essa cena foi uma réplica fiel do que acontecera com a minha irmã, tempos antes e que ficou muito mais esfolada que eu. Levei alguns dias toda esfolada e de castigo; passou logo.
Em casa, tínhamos árvores, verduras e muitas flores. Em meio a tudo isso, um lindo e fofíssimo canteiro de agrião, que era o xodó do meu pai. As minhas irmãs e vizinhas eram todas mais velhas do que eu, que fazia o papel de bobo da corte, então mandaram-me deitar no canteiro que parecia um colchão macio, o que resultou em algumas chineladas. E o canteiro ficou lá, brilhando como esmeralda, me convidando para a próxima tentativa.
O caminho para a natação era cheio de lindas castanheiras numa praça e que davam uma fruta que chamavam de jalão, então a gente apedrejava todas para ver se caía alguma e quando a pedrada acertava alguém, era uma Deus nos acuda, até entrarmos no portão do clube.
Nadávamos muito treinando durante a semana para podermos brincar bastante na água, no sábado e domingo. Era tudo maravilhoso. Pulávamos maré, jogávamos três-Marias, bola peteca ao mesmo tempo que estudávamos e cumpríamos as nossa obrigações em casa; tudo sem cansar e sem perceber que era um tempo dourado e feliz que deixa uma dor aguda no peito cada vez que é lembrado.