meu amor mudou
Alugamos quartos. Logo como que nos damos conta que os tesouros que agora nos satisfazem esfarelar-se hão com tempo, como buracos que procuram sua parte no escuro das almas, no recanto da memória vazio e branco.
Ninguém pesquisa um lugar para eles nem para as estrelas do céu ou as manhas que levaram num por de sol, que já de nos não fazem parte.
Alugamos quartos dentro das entranhas. Não tem fogueiras tão altas como para que as portas o frio não estalem. Rangem, debatem seus batimentos com duvidas insones, e por isso às vezes sucumbimos no meio dos lençóis que deixáramos de tarde frescos, para outros amantes que tivessem mais sucesso.
E são de certo suposições como tantas outras cousas que imagináramos verdadeiras, as que amoldam com anos os nossos desejos. Não somos distintos, mais o local conta já com muitas mais experiências, como variadas são e um pouco mais prudentes a respostas aos medos.
Com tudo prefiro da cidade os elétricos, os carros arrumados no quintal de laranjeiras nunca tem sido simpáticos com meus edíveis joelhos, ao igual que os passeios altos, ou as ruas que a outras ruas se atravessam.
E a pesar, hoje de novo parti, pelos cantos do mundo, em busca tua.
Vim (de esta nova vez sem nenhum reclamo), tão só por cumprir aquela antiga promessa (que fez no tempo das cerdeiras baixas) de que nunca te abandonaria a sorte dos inqueritos.
Vim, de isso podes estar certa. Vim por derrubar os muros que surgem entre meu interes e o inconsciente. E acordei de manha algo cedo enredado em perfumes que ainda, a dia de hoje, deita por magia teu cabelo louro, preto?. E nada tinha falado, por azar, do assunto que me trouxe hoje a verte; pois a pesares eu arribei na monótona estação da chuva sobre a relva, fresca, assim que deveria cheguar no inicio da primavera.
A melhor parei diante do teu portão sem aquele livro de seda, sem brincos cor estanho, sem um molho de incompletas promessas, pois me intima demasiado deixar duas pétalas abertas ou perfurar tuas pestanas e logo não ter nada certo... como na mocidade podia fazer sem medo a desiludir-te, ao tempo que no interior de teus mamilos enlouquecer com febres do império timido, nem sequer deixava um segundo de arrependimento, no teu, no meu ego abatido.
Alugáramos um quarto, te lembras?... e tu neste momento não queres morrer comigo esta noite e outra noite, para poluir com teu aroma a ferrugem do meu peito
E escapar a maiores das sujidades dum tempo, ferindo esta sua cidade por dentro de tanta inveja.