Sangue ao sol

Ela vinha andando pela rua,como sempre.O caminho era o mesmo, praticamente automático.Tentando descobrir as novidades que o sol tímido de inverno trazia, ela olhava a sua volta, a cidade explodia de características urbanas excessivas, explodiam fumaças e cansaço.

De repente ela viu o animal caído ao chão. Um cachorro preto, deitado de lado.Junto ao bicho sangue seco, feridas, aberturas em pêlo, estômago, órgãos, corpo de cão.Foi quando tudo ficou um zumbido, ela ouvia a surdez, era um eco. Ela não via mais as pessoas, nem seus rostos de cidade grande. Tudo foi rodando, rodando e, ela só via ali o corpo do animal estirado.Começou a sentir náuseas, seu estômago começou a se comprimir e fazer força para gritar a dor daquele que morria no sol.Ficou entorpecida pelo calor e pela situação e sentiu ao encostar na parede, que sua mão raspava na parede de cal barata.

Ela foi se deixando cair e, fechando os olhos,viu que estava ali, junto ao bicho,deixando que suas lágrimas de enjôo limpassem o sangue do atropelamento.

Isa de vírgulas
Enviado por Isa de vírgulas em 05/08/2008
Código do texto: T1114659
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