Um Dia de Gato
Atendendo aos pedidos da Zélia e da Maria Olímpia, segue a continuação do texto de ontem.
Depois de uma noite de cão, nada como um dia de gato.
As cadelinhas continuavam agitadas pela manhã, mas também já se entregavam ao cansaço, o que facilitou meu repouso.
Cochilei de olhos abertos ainda algum tempo, antes de levá-las novamente ao veterinário. Fomos recebidas por um médico bem mais experiente, que confirmou não haver sintomas de intoxicação. Explicou que o veneno da coleira não é tão tóxico, sendo usado em remédios humanos para matar piolhos e que ele já havia tratado com tranqüilidade filhotes que comeram pedaços dela. Explicou que ela solta um pozinho e que é conveniente limpá-la com um pano úmido antes de colocar nos animais. Juntando o tal pozinho com a pele sensível dos daschunds, raça das minhas filhotas, deu no que deu. Recomendou um novo banho e receitou Polaramine que, além de aliviar os sintomas, daria sono.
Deu uma aula sobre métodos de prevenção de doenças endêmicas e insistiu para tentarmos a coleira novamente. Saí de lá como quem sai do psicólogo... bêbada de sono, mas bem mais leve.
Segui todas as orientações do doutor e mais algumas, como trocar o edredom da caminha delas e a colchinha e capa do sofá onde dormimos. Como já estava no final da manhã, enrodilhei-me com elas novamente no sofá e retomei meu dia de gato. Desta vez sim, dormindo, de roncar. Roncar não: ronronar. Um pouco de eufemismo não faz mal a ninguém.
Não foi suficiente. No trabalho, à tarde, reunião. Inevitáveis e constrangedoras pescadas, seguidas do risinho dos presentes.
O resto do dia transcorreu preguiçoso, cancelei a aula de tênis, comprei lanche para mim e para o marido e cochilei em frente à TV.
Com isso, encerra-se a tríade animal: após uma noite de cão e um dia de gato, o que quero agora é hibernar como uma ursa velha. E que não amanheça tão cedo!!