Cadê a coruja que estava aqui?

O misterioso desaparecimento de uma coruja da coleção gerou entre mãe e filha um diálogo mais ou menos assim:

- Pegaram a coruja que fica aqui?

- Mas como isso aconteceu?

- Não sei, só sei que é assim. Sumiu. Alguém pegou e levou daqui. Eu sei o lugar de cada uma das minhas corujas. Sou eu quem cuida delas.

-Vou trazer umas etiquetas para que você possa numerar cada uma e até escrever de onde vieram, tá?

- Como? Tem muitas que eu nem lembro quem me deu ou de onde veio. Como vou fazer isso?

Ao voltar com as etiquetas, tentando abrandar o trauma, a filha comenta:

- Esta aqui eu trouxe de Curitiba, né?

- Sim. E esta de Belém. Esta você trouxe do Uruguai, esta você comprou na Torre, esta trouxe de Natal. Esta aqui foi meu filho quem trouxe na última viagem dele. Estas aqui, e mais estas, foram presente da tia. Esta família aqui, feita de murano, foi o fulano quem trouxe de Santa Catarina. Esta, siclana trouxe da Itália e esta aqui ela trouxe da Espanha. Esta, fulana trouxe daquela viagem que fez pra Patagônia. Esta minha nora me deu outro dia. Esta você trouxe de tal lugar... Estas aqui meu filho me deu no natal do ano tal... Estas... Esta... Esta aqui... E esta aqui foi...

Conversa vai, conversa vem daquele quase monólogo, sim porque a mãe coruja da coleção de corujas falava mais que respondia, só restava um pensamento pra filha atenta: “Quem foi que disse que não lembra, heim?”

Ai, ai...

Cacau Fuente
Enviado por Cacau Fuente em 03/08/2008
Código do texto: T1111558
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