E(SPA)RADRAPO... NA BOCA!
Domingo. Amanheceu chovendo na cidade. Nem acreditei quando ouvi o barulho da chuva caindo – depois de 40 dias sem um pingo d’água (será o oposto do Dilúvio?) – e fui á janela, admirar esse milagre. Seis horas da manhã... por que será que acordei, em pleno Domingo, a essa hora da madrugada? Não foi por insônia, certamente, dormi muito bem e consegui, inclusive, sonhar!
Fui à cozinha, preparar um café e o sorvi, vagarosamente, sentada diante da TV, na sala, assistindo qualquer coisa, sem importância. Depois do café, aproveitei o silêncio da manhã para me conectar, responder alguns e-mails, aquelas agradáveis tarefas virtuais, para as quais, nunca sobra tempo. E já passava das nove horas, quando desliguei.
Vou à feira. Mas, justo hoje, com chuva? Agora ela deu uma trégua... Não sou nada previsível, as idéias surgem assim, de repente e as sigo – ou não. Preciso ir à feira, comprar algumas folhas verdes, frutas – amanhã inicio um novo regime – pela 1.000.000ª vez! Será que dessa vez eu vou concluir? Não sei, mas vou começar! Comprei as tais verdinhas, verduras, legumes e frutas da estação. O Zé – da banca de frutas – fez tudo para me empurrar algumas “lichias” – São francesas, madame, experimente uma! Experimentei... Não gostei do sabor – e nem do preço. Deve ter gente que compra, só porque é chique!
Fui ao Endocrinologista, na semana passada. Um médico baiano, de seus 60 anos, que só me chamava de “gata” e explicou-me tudo – que eu já sei de cor – sobre a boa alimentação. Como se manter saudável, sem comer. Aiaiai...
- “Reeducação alimentar” é coisa de americano. Disse-me.
- "Gata", se comer somente verduras, emagrecesse, o boi não seria tão gordo! Com aquele sotaque legitimamente baiano, e me chamando de “gata” em todos os momentos em que deveria dizer meu nome, eu estava me divertindo, Mas a coisa é séria! Não é brincadeira privar-se de tudo o que nos acostumamos a ingerir. Veneno ou não!
- Venha cá, “gata”. Suba na balança, sem os tênis e a jaqueta, porque pesam demais e eu não quero lhe dar uma notícia ruim de sobrepeso! - Hum! Então devo estar obesa...
- Vamos ver seu peso e altura, e eu já lhe digo quanto tu tem que emagrecer. Pesou-me e subiu a régua de medição.
- Então, você está muito acima do peso, “gata”. Tem 1,55 cm e pesa... – esse quesito, “prefiro não comentar”! Assustei-me! É sabido que, com o avançar dos anos, as pessoas tendem a diminuírem sua altura. Mas, de 1,65cm, a menos de um mês, para 1,55cm? Tem algo errado! Peraí...
- Doutor, o senhor verificou corretamente a minha altura? Questionei, imediatamente, reagindo aquela nova estatura a que fui rebaixada. - Gorda sim, baixinha, não! Aí já é demais! Levantou, novamente a régua, aproximou os olhos bem perto dos números - um pouco apagados - e reconsiderou.
- Ah! Me desculpe, “gata”. Não enxerguei direito. É 1,65 cm. Tu não é tão baixinha assim! Não está tão gorda, também!
- Nossa! Acabou comigo... Apanhou a fita métrica e tomou as minhas medidas – braços, pernas, quadris, bunda e até o pescoço - Pescoço??? Eu não sabia que pescoço engordava... Media e anotava tudo em minha ficha.
- Quando tu retornar, "gata", a gente compara as medidas.
Eu preciso emagrecer e ele...de óculos! Disse-me que o ideal
– para minha idade (?) e altura - seriam 15 quilos a menos na balança. Se eu conseguir a façanha de perder ao menos 10, está de bom tamanho.
- Além de “gata” acho que deve ter passado por sua cabeça que eu quero virar “modelo”. Mas gostei de sua simpatia.
Peguei a receita - com a prescrição de um medicamento para "ajudar a controlar o apetite" - sai de campo a Anfetamina ("demorô") - substituída por uma nova ladra da fome - a Sibutramina que, segundo ele, não vicia, não seca a boca e não tem efeitos colaterais. Milagres existem, afinal! De uma coisa eu tenho absoluta certeza - não vou usar nenhum deles - e, se me propuser a perder peso, será na raça! Tomei o metrô, em direção ao centro, para retornar a minha casa.
Coloquei o "cardápio" de 1.200 calorias na lateral da geladeira, fixado com alguns ímãs – quem sabe, na segunda-feira, eu começo. Só depende de mim, da minha convicção de que, ser magra, é o mais importante. Comer é bom, mas com moderação, melhor ainda - para sentir-se bem e saudável. Substituir a comida por água é uma solução.
Valha-me a Santa protetora dos gordos, que ela não me deixe, ser um deles! Nem magricela nem obesa. Meio termo.
Lembrei-me da aparência do Dr. Francisco - o médico - e fiquei me questionando sobre um fato importante.
- Por quê será que todo Endocrinologista – especialista em regimes – é gordo e exibe aquela “barriga de chopp”?