TOLERAR É PRECISO

Ouço as pessoas falarem muito mal sôbre os vendedores que ocupam as ruas, calçadões, paradas de ônibus, praças, avenidas e todo o tipo de lugares onde existem intensa movimentação. Estas pessoas reclamam pois, o espaço torna-se pequeno para tantos andarem no mesmo lugar. Muitos ficam irritados e até externam suas intolerâncias proferindo xingações aos que alí estão oferecendo mercadorias, serviços ou vantagens.

Tenho, também, pensado nestes vendedores que se instalam nos espaços públicos pela necessidade de sobrevivência honesta e legítima. Quantos são os desempregados em nossa cidade? É muito simples imaginar, basta verificar o número de inscritos nos concursos seletivos para cargos públicos, por exemplo. Não afirmo que todos estejam desempregados, mas, a grande maioria, está. Sem emprego nada se ganha, a não ser com a exploração de atividades ambulantes, como o fazem. Por outro lado tenho lido nos jornais e nas colunas policiais registros de roubos, furtos, latrocínios e outros crimes gerados pela falta de ocupação e oportunidade de trabalho digno. Sei que alguns casos ocorrem por motivos alheios a este princípio, mas, são a minoria. O aumento da criminalidade está diretamente relacionado a diminuição de empregos oferecidos pelo mercado de trabalho. Colabora, também, a falta de preparo dos candidatos para ocuparem as poucas vagas oferecidas. São questões a ser pensadas.

Acredito que a falta de tolerância e de solidariedade humana das pessoas, são os fatores responsáveis pelo apequenamento das atitudes diante desta realidade. A necessidade de trabalhar, nos dias de hoje, está diretamente ligada a sobrevivência e a conquista de salário lícito e satisfatório ao sustento da família.

Por isso, tolerar é preciso, neste momento.

Publicado no jornal Diário da Manhã na coluna Tribuna do Povo em 14/05/2008, -Pelotas/Rs