SATISFAÇÕES

Lamber o próprio rosto é uma fúria vazia, é impossível como a janela fechada dos apartamentos de luxo para uma paisagem litorânea.

Não sei o que devo fazer amanhã se hoje ainda nem comecei e o que eu fiz ontem acabou como sempre ao resultando em nada.

Às vezes Kafka me satisfaz com suas palavras mais do que um sexo demorado. Um ambiente absurdo num país estranho, num mundo desgovernado numa atmosfera tremeluzente.

Diante do espelho a verdade é invencível: são assim meus olhos, é assim meu rosto, é assim minha língua estirada para fora tentando lamber o próprio rosto.

Mas do outro lado do espelho, do outro lado e sem mesmo quebra-lo vou alcançar o êxtase da morte sem medo e me erguer pronto como uma estatua em praça publica!

Rodney Aragão (Considerações sobre textos lidos).