Sentiu minha falta? Jura? Eu também estava com saudades de você, do nosso arroz com feijão, do ovo frito, de uma boa picanha, dos nossos temperos e de me comunicar usando a língua de Camões.
 
Após 14 horas de vôo (Vitória, Guarulhos, Chicago e Lexington), meus pés e tornozelos ficaram três dias parecendo patas de elefante, mas valeu à pena. Ao chegar a Campbellsville, no Condado de Taylor, comecei a perceber as semelhanças e as diferenças entre nosso País e a Terra do Tio Sam.
 
Climaticamente, tanto a temperatura do Kentucky quanto a do Tennessee se assemelham àquela dos dias mais quentes que temos no Espírito Santo.
 
Chamou-nos (minha e de Aninha Paraíso) a atenção, porém, os seguintes pontos: a) o sol deles se põe às 21horas; b) as casas não têm muros e nem grades; c) os motoristas param, voluntariamente, quando vêem os pedestres; d) todos têm bons e ótimos carros; e) os preços das coisas são bem acessíveis; h) as famílias valorizam os seus velhinhos e com eles se divertem (foi isso o que vimos na pista de danças do Wildhorse em Nashville); g) muitos idosos trabalham à noite em hotéis e em grandes redes de supermercados como Wall Mart; h) as pessoas confiam no que você fala. 
 
Ficamos impressionadas com a hospitalidade e o tratamento VIP que nos renderam os reitores e vice-reitores das universidades (Campbellsville, Transylvania, Kentucky, Belmont, Vanderbilt e Louisville) e da faculdade (Jefferson Community College) que visitamos. Foram-nos fornecidas informações diversas sobre o funcionamento do ensino superior americano, inclusive sobre orçamentos.
 
Definitivamente eu não gostei da comida deles: tacos (uma espécie de Doritos grandes), molhos mexicanos condimentados e apimentados, milho com molho de não sei o quê, nuggets crespos demais, uns tais de combos sem graça, umas ribs (costeletas de porco) muito adocicadas, em suma, uns “trens” ruins ao nosso paladar. Passei dois dias comendo salada verde com pedacinhos de queijo cheddar e molho ranch, até encontrar as baked potatoes (batatas assadas) e as ribeyes (picanhas).
 
O que eu gostei mesmo foi dos sorvetes, muffins, cookies e Crunchberry (um refrigerante delicioso). Bem, tudo isso está bem visível nas fotos, onde me vejo GOOORRDA!!. Por falar em gordo, eu sou esbelta lá! Nunca vi tanta gente obesa junta. Famílias inteiras devem usar manequim 3XG. Eu me senti uma gatinha!!
 
Tudo teria sido perfeito, não fosse o fato de uma de minhas bagagens ter se extraviado (e continua passeando por lá), obrigando-me a usar o mesmo par de sapatos durante 10 dias. Isso por que me garantiram que, tão logo encontrassem minha mala, ela seria entregue onde fiquei, o Holyday Inn Express. 
 
Esse fato me obrigou a não tirar os sapatos durante as 14 horas dos vôos da volta e a ficar com os pés mais inchados ainda. Como assim? Ora, imagine o “odor” que fica quando, após tomarmos banho, não temos chinelos e somos obrigados a nos calçar tendo os pés úmidos. Você acha que eu poderia socializar meu xulé com os outros 269 passageiros?
 
Por falar em vôos, lembrei-me de duas coisas. A primeira é que nossas aeromoças dão um banho de beleza e gentileza nas “aerovelhasefeias” da United Airlines; a segunda é que de madrugada uma delas me ofereceu um café que devia ter veneno, pois deixou minha barriga borbulhando como o Terminal de Gás Natural de Cacimbas.
 
Não me fiz de rogada, procurei o banheiro e ao tentar dar vazão aos gases, saiu muito mais do que isso. Ao retornar à minha cadeira, liguei o mapa digital que mostra o percurso da aeronave e vi que sobrevoávamos a Amazônia.
 
Eu preferia que o lugar fosse outro, mas sorri pensando que alguns exemplares de nossa flora devem ter sido adubados por mim.