ANÁLISES SOBRE OS HUMANOS NO MUNDO
ANÁLISES SOBRE OS HUMANOS NO MUNDO
Enquanto ando por ruas cheias, apinhadas de gente ou mesmo vazias, procuro destacar das mentes daqueles que passam os sentimentos e mesmo os seus pensamentos.Analiso, através do meu pensamento, os rostos das pessoas que passam. Por vezes ouço o triste e silencioso lamento daqueles que transita sem rumo ou destino.
Mentes vazias, nada têm de diferente que não seja o próprio cotidiano
Rostos diversos, corpos que se alongam e desfilam perante minha visão crítica. Eu ainda tento me destacar dentro deste amontoado de pessoas que se acotovelam e que nunca se vêem.
Às vezes imagino quais seriam seus pensamentos que ficam vagando nos espaços vazios sem destino ou mesmo razão de existir.
Ando, observo, analiso e sinto o enorme vazio que existe entre pessoas que se cruzam, se acotovelam e nem mesmo sabem se estão vivos.
Como crítico, meu pensamento se prende ao detalhe ou entalhe do físico. Rostos marcados pela ação do tempo que, de forma cruel, cria cicatrizes, cavando sulcos profundos como se fora terra arada.
Mulheres procuram encobrir a palidez e aridez de um sorriso escondido por debaixo da máscara de um rosto excessivamente pintado.
Alguns escondem suas frustrações através das orelhas furadas e um corpo marcado ou mutilado. Numa situação em que se parecem mais com animais marcados por donos que não querem perder seu rebanho.
Homens desatentos, apenas olham o vazio que se estende a sua frente e seguem como se fossem animais seguindo aos bandos um mesmo rumo, ao encontro de um destino que fora traçado na sua genética de sensações puramente instintivas.
Os espíritos de muitos emigraram, rumo a um lugar onde pudessem descansar da loucura dos dias em que viviam e se acotovelavam sem, no entanto saberem aonde iam.
Pedintes repetem sempre a mesma ladainha, a cantilena monótona como se ainda conseguissem enganar pessoas que os vêem todos os dias.
As ruas se encontram lotadas de pessoas que se perdem nos espaços que foram criados para cercar e manter presos os rebanhos. Seres que, já sem consciência, se portam como crianças indo e vindo, apenas cumprindo o que foi ditado por alguém que os manipula.
Pobres bonecos, fantoches que repetem e seguem sempre um mesmo caminho traçado.
Vou passando por todos e apenas um ou outro ainda desvia o olhar e me observa como se me conhecesse.Neste momento imagino que nem tudo ainda se perdeu nas escuras noites da vida.
As notícias que se vêem nos jornais é o cotidiano que nada vem a acrescentar a ninguém, pois tudo está restrito apenas a alguns interesses escusos.
As filas em frente aos bancos lotados, são de pessoas que procuram buscar o que lhes pertence.
Nas lojas vazias, apenas os vendedores ocupam os espaços, com seus rostos contraídos e gastos pelo desânimo, em virtude de nada venderem.
Os carros, apressados, disputam com pedestres abusados os espaços vazios que ainda existem perto do meio fio, quando tentam estacionar.
Os rostos daqueles que transitam parecem figuras de cera, de mármore frio, expressam apenas os desejos da alma que se encontra cativa a um corpo dominante.
Os namorados que passam trocam insultos, em virtude do ciúme de algo ou alguém e nunca se entendem, porém dizem que se amam.
O desejo confundido com amor passa a ser o vilão dos desacertos, onde se justifica tudo por nada.
Andando pelo caminho, fico atento a todos os movimentos daqueles que passam. Analiso cada rosto como se nele procurasse um lugar onde pudesse aportar e falar daquilo que penso e sei.
Porém o vazio se estende e se prolonga além da minha vontade que fica presa e amordaçada diante dos interesses escusos daqueles que mandam e dominam a grande massa.
Tento, através da palavra, romper o círculo do medo daqueles que buscam tudo e se apegam a anseios e desejos nem sempre sadios.
Continuo seguindo e sentindo a dor que atormenta um espírito que sofre diante de tanta estupidez que se vê pelo mundo.
Enquanto o lamento ecoa em meu espírito aflito, escuto a voz da razão que me diz: " Aguarde, os tempos são chegados e a cada um de acordo com suas obras".
E diante da frase que me dita a mente, me acalmo e sorrio, enquanto lágrimas deslizam por meu rosto e, disfarçadamente, as enxugo com o dorso da mão.
23/04/03-VEM