Modelo de vida atual

Trago comigo, em profunda e intensa meditação cotidiânica, o entendimento de que o modelo de desenvolvimento que adotamos nos tempos modernos transporta em si próprio algo errado. Um vigoroso olhar crítico sobre ele é capaz de dissecar uns tantos desvalores agregados nele mesmo. Acredito que escolhemos algo de pouco civilizado para vivermos e ensinarmos aos nossos filhos.

Não se carece ter uma visão pessimista do viver atual para se notar que nunca, em tempo algum, foi tão desenfreada a violência urbana como um todo. Hão de ser colocadas dentro dela as mais diversas formas, desde o preconceito racial até a violência doméstica. O país, assim como o mundo, caminha para o esfacelamento dos hábitos éticos e morais. A cultura tem mais pressa do que mesmo o que lhe é permitido ter. Aprendemos e desaprendemos as normas módicas de forma célere demais. Defender e condenar passou a ser hábitos “fashions”. O que hoje é permitido a todos não nos é mais amanhã logo cedo. A televisão dita costumes tão renovados, e a NET parece ser o maior e mais poderoso vocabulário dos nossos direitos e deveres para com o mundo inteiro. Se você quiser saber que roupa deve usar e qual o alimento mais degustado em qualquer país distante, é bastante acessá-la, procurar as formas distintas e usar.

Ultimamente temos visto pela imprensa uma enorme matança de inocentes por forças policiais, pagas pela sociedade para valorizar a segurança pública, defendendo a sociedade do perigo dos foras da lei. Matam-se seres humanos como se fossem passarinhos. Fico a pensar, refletir e continuo sem entender o porquê de tudo isso estar acontecendo com tanta intensidade nas barbas dos nossos dormentes legisladores. Parece que a maior doença atual é mesmo a violência humana.

É muito fácil ver-se atualmente uma autoridade algemada e presa à frente das câmeras de televisão após ter cometido um delito grave. Quem devia dar-nos o exemplo não o faz. Absurdos chegam a ser vistos ao meio-dia, em fantasioso espetáculo do cumprimento de lei. O país parece estar enegrecido por descobrir, desbaratar quadrilhas e outros nos seus quadros funcionais e no seio da sociedade civil.

As estatísticas econômicas mostram que os brasileiros nunca compraram tanto como nos dias atuais e é como se esquecessem de que é também hoje que vemos o maior endividamento social da história deste país. Com um cartão de crédito na mão, um pobre compra caviar e come, não pela apreciação em si do alimento, mas para desfazer outro tipo de fome que pode ser avalizada pelo exagero do marketing moderno que, de tanta agressividade possuir, pode causar estragos sociais quase irreparáveis, excitando um analfabeto a gastar tudo apenas para conhecer as luzes parisienses no Natal.

E enquanto tudo isso acontece, o país se gaba por liderar a exportação de ferro para a Ásia e ao mesmo tempo abafa da sociedade ser o maior importador de trilhos da China. Vendemos ferro e compramos trilho. O que estamos fazendo de correto? Sei lá! Agregar valores ao nosso ferro é imprescindível. O governo deve começar a agir e rapidamente, como também com a nossa produção de fertilizantes, há anos carecendo de mássicos investimentos rumo a uma nem tão distante auto-suficiência.

Que modelo de desenvolvimento é esse que adotamos e em nome do qual não valorizamos o professor, vendemos soja e importamos chips? O país pode ser ainda maior se a educação, saúde e segurança pública forem tidas como o mais importante tripé de sustentação do nosso desenvolvimento. Exportar peixe e importar anzóis não enche qualquer saudável pescaria intelectual em um país que, por natureza, já nasceu imenso. Esse tripé é sustentatório, cívico, ético, moral e humano.