O ENFERMEIRO E UM DIÁLOGO MUDO

Nunca devemos invadir o espaço dos mortos

Sem que lhes peça licença. Esses, certamente, ainda ouve o menor ruído que se faça.

O bom enfermeiro,

Logo que entra na sala do defunto,

Começa um diálogo mudo:

"Com o Pai, o Filho e o Espírito Santo,

Eu me aproximo de ti...

Vou lavar o teu semblante,

Porque hoje, contra a minha vontade,

As tuas mãos já não se movem mais.

Quero também, juntar os teus pés,

Que servirão para sustentar o templo do Espírito Santo,

Enquanto presente aos teus irmãos.

Não olhes mais para mim...

Olhe para si mesmo,

Porque o teu corpo já não te pertence mais;

Ele será entregue à natureza a quem sempre pertencera...

E quanto ao teu espírito, certamente, será levado por Deus,

Num incomparável raio de luz prateado,

Para que descanse na paz infinita dos céus.

Vai! Vai e deixas comigo, enquanto não me vem o último sono,

Toda energia benéfica que há em ti;

Para que eu possa apaziguar pessoas na dor,

Ou na guerra, em fim... "

Óbvio! Ninguém suportaria um olhar quarenta e três de um pré celestial... ou um abraço prêmio, gelado. Sendo assim, é bom lembra-lo que suas mãos já não se movem mais. Melhor nao fazer nenhum esforço. Mantenha seus pés como o faço, nenhum passo, ou eu vou ao pai antes te ti. Fecha seus olhos e sai dali, levitanto.

Áurea de Luz

Aurea de Luz
Enviado por Aurea de Luz em 02/08/2008
Reeditado em 19/06/2018
Código do texto: T1109652
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