O ENFERMEIRO E UM DIÁLOGO MUDO
Nunca devemos invadir o espaço dos mortos
Sem que lhes peça licença. Esses, certamente, ainda ouve o menor ruído que se faça.
O bom enfermeiro,
Logo que entra na sala do defunto,
Começa um diálogo mudo:
"Com o Pai, o Filho e o Espírito Santo,
Eu me aproximo de ti...
Vou lavar o teu semblante,
Porque hoje, contra a minha vontade,
As tuas mãos já não se movem mais.
Quero também, juntar os teus pés,
Que servirão para sustentar o templo do Espírito Santo,
Enquanto presente aos teus irmãos.
Não olhes mais para mim...
Olhe para si mesmo,
Porque o teu corpo já não te pertence mais;
Ele será entregue à natureza a quem sempre pertencera...
E quanto ao teu espírito, certamente, será levado por Deus,
Num incomparável raio de luz prateado,
Para que descanse na paz infinita dos céus.
Vai! Vai e deixas comigo, enquanto não me vem o último sono,
Toda energia benéfica que há em ti;
Para que eu possa apaziguar pessoas na dor,
Ou na guerra, em fim... "
Óbvio! Ninguém suportaria um olhar quarenta e três de um pré celestial... ou um abraço prêmio, gelado. Sendo assim, é bom lembra-lo que suas mãos já não se movem mais. Melhor nao fazer nenhum esforço. Mantenha seus pés como o faço, nenhum passo, ou eu vou ao pai antes te ti. Fecha seus olhos e sai dali, levitanto.
Áurea de Luz