L O U C O !

Carrego comigo - enquanto o corpo flutua - o peso da consciência e sem ciência. Fanático e lunático. Cientista louco é bobagem. Até o fim do mundo, que não existe, estou indo, e voltando, dando voltas no eixo da terra. Eu sei que muitas pessoas, muitas mesmo, não estão nem aí para minha pregação, pastor de ovelhas desgovernadas, libertas deste mundo paraplégico, engessado, cheio de engrenagens, maluco, eu, estou fora, estou dentro, gosto desta anarquia, gosto deste cheiro de conspiração, gosto destas travessuras infantis, que pensam em mudar o mundo, qual mundo? O mundo de Marx? O mundo de de Freud? O mundo de Aristóteles? O mundo de quem? Ninguém é dono de nada, tudo é emprestado, ninguém é ninguém, todos são passageiros, menos o motorista, sério e crítico, não suporto a algazarra na parte dos fundos do "meu" veículo, me dirijo até a delegacia mais próxima, denuncio e mando prender.

Nesta primeira parte, o texto ficou engasgado, mas prometo discorrer sobre o real intento desta carta. Tudo começou porque o túmulo foi violado, o segredo foi revelado, a morte, no sentido literal da palavra, não existiu para aquelas pessoas. Elas não sabiam o que estavam fazendo, Pai, as perdoe. Elas não sabiam o que estavam fazendo, tamanha a crueldade de seus atos, tudo em nome de seu nome, enquanto a corda arrebenta sempre do lado mais fraco e ainda é muito cedo para dizer adeus, meu deus, não sei como explicar, mas agora que comecei, não tenho outra alternativa senão acabar, por um ponto final nesta estória.

A segunda parte ficou ainda mais complicada, para mim, que não consegui desengasgar o texto. Pior para quem está lendo, relendo, revendo, vendendo, pagando o preço, não, pagando o pato, deixando de fazer coisas mais importantes e aqui e agora, justamente neste momento, ter que aguentar esta imposição, este sacrifício que é passar a vista sobre estas palavras que não foram traduzidas para a realidade, apenas sonhos e pesadelos de um ser que não é nada, é tudo o que eles pensam.

A terceira parte, se é que ela existe, caiu no precipício comum de toda a tentativa, em vão, de impressionar, e o leitor, pressionado, agora, por um vago e sutil pressentimento de isto vai acabar, uma hora isto vai ter que acabar, não há quem aguente! Nem mesmo o prático que digita de forma frenética estas palavras loucas por natureza, natureza indomada, natureza morta.

E o final, o resumo, era que tudo isto era apenas um recado, uma tentativa de um desesperado, prestes a explodir, sua substância pegajosa, não desgruda, não descola, é pura - não a pureza - loucura, loucura normal, destas que se vê por aí, nas ruas, na tv, nos outdoors, nas manchetes, nos vídeos, on line, nos aparelhos celulares, nas mais modernas engenhocas inventadas a todo instante pelas centenas de cabeças pagas para inventar mais e mais inventos para quem quer consumir, sumir, se esconder sob as tecnologias e é o momento, a moda, a onda, o cartaz, o prazer, a satisfação de ter, sempre o mais, moderno, o mais, veloz, o mais, louco.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 02/08/2008
Reeditado em 10/11/2011
Código do texto: T1109410
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