O voto da redenção

Assunto cansativo esse sobre política. Sobre práticas das pessoas que se “dedicam” aos cargos eletivos. Como não há a quem recorrer, termino por escrever aqui algumas ínfimas e quase mesquinhas queixas. Aqui em Pernambuco e, acredito, em grande parte do Brasil, muitos prefeitos entenderam que sua gestão seria lembrada (para reeleição ou outras candidaturas) se eles deixassem para realizar a maioria de suas “obras” no final do mandato. Aí, lançam mão de modalidades de execução desses estratagemas que vai desde (imaginem) segurar o fardamento escolar (há muito recebido e guardado) para entregá-lo próximo ao final de sua campanha até esburacar as ruas e avenidas para mostrar que “a cidade é canteiro de obras na sua gestão”. Prolongam reformas em praças, recapeamento asfáltico, e demais serviços de grande exposição que teriam a obrigação de serem feitos com o mínimo ônus para o gado populacional que têm a infelicidade de tê-los como gestores. Naturalmente eles fazem estudos de comportamento de massas e “descobrem” o que todos sabem: que o povo tem memória curta e só irá lembrar do que “marcou”, como uma dor de dente faz lembrar mais do que o seu uso quando sadio. Por outro lado contam com a inevitável comparação com aqueles que não fazem nada além de se apropriar do erário público das formas mais grosseiras sem sequer usar a cortina de fumaça das obras intermináveis as quais Deus sabe como foram licitadas. É um sem número de aberrações administrativas inimagináveis pelo cidadão comum que só faz pagar os impostos arbitrados por vereadores comprometidos até a alma. A impressão que se tem é que não há saída. Que seremos reféns desses círculos de poder até algum idealista aparecer milagrosamente para nos redimir o voto.